Trump e Bolsonaro juntos

Espera-se que as parcerias previstas sejam positivas também para o Brasil, e não apenas ocorram ações de subserviência, que reforcem o nosso complexo de vira-latas


Por Tribuna

17/03/2019 às 07h00

O presidente Jair Bolsonaro e uma comitiva formada por ministros e pelo filho Eduardo, deputado federal eleito por São Paulo, seguem para os Estados Unidos neste domingo para uma viagem de três dias. Na programação, Jair Bolsonaro terá um encontro privado com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, previsto para o dia 19. O Governo brasileiro trata esta visita como o início de um novo tempo na relação de Brasil com Estados Unidos.

Desde antes de ser eleito, Bolsonaro não escondia a idolatria que tinha, e conserva, pelo mandatário, de ultradireita, americano e a vontade de aproximar os negócios nacionais com os EUA, em detrimento das negociações com o Mercosul e com nossos vizinhos latino-americanos. Agora, terá oportunidade de conversar com Trump e tentar uma sólida parceria com os Estados Unidos, uma das suas prioridades.

O presidente brasileiro será recebido com pompa e circunstância, a julgar pelo fato de ele e sua comitiva se instalarem na Blair House, parte do complexo da Casa Branca, só oferecida aos hóspedes pelo governo americano como sinal de honra concedida a alguns chefes de Estado selecionados. É preciso tratar bem aquele que parece estar disposto a muitos acordos. Entre eles, a assinatura de parceria para uso comercial da base militar de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites. Diga-se, de passagem, que a localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, é considerada, por especialistas, estratégica mundialmente para os Estados Unidos em se falando de ângulo de operações político-militares internacionais.

Durante o encontro, segundo a revista Veja, Bolsonaro vai anunciar o fim da exigência do visto para a entrada de americanos no Brasil. Aí começam as divergências. Os Estados Unidos não teriam o mesmo tratamento com o Brasil. Para alguns, o princípio da reciprocidade é importante. Já outros defendem que o Brasil deveria retirar mesmo a exigência do visto, independentemente da posição estadunidense. Ao fazer isso, estaríamos facilitando a entrada dos turistas endinheirados ao Brasil, já que hoje, com a exigência, as viagens ao país são dificultadas, enquanto outros destinos da América Latina acabam privilegiados.

Além do encontro dos chefes de Estado tão esperado, entre os integrantes da comitiva, está prevista a participação em debates sobre investimentos setoriais e relações econômicas, além de um painel sobre uma nova relação entre Brasil e Estados Unidos, a partir da proximidade entre Bolsonaro e Trump. Espera-se, porém, que as parcerias sejam positivas também para o Brasil, e não apenas ocorram ações de subserviência, que reforcem o nosso complexo de vira-latas. Polêmicas à parte, agora é hora de esperar o que virá deste encontro já muito aguardado pela opinião pública.

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