Fase crítica
Antes do fim de ano, salvo algum contratempo, a operação Lava Jato vai ganhar novos atores. Está em fase de conclusão a mais difícil e longa das 70 delações premiadas fechadas em dois anos e oito meses de investigação, que resultará em inquéritos em outros estados. O Supremo Tribunal Federal definiu que crimes cometidos fora da Petrobras devem ser remetidos para os estados de origem do delito, o que indica novas forças-tarefas exclusivas. Quando o empresário Emílio Odebrecht e seus executivos começarem a abrir a boca, o país vai se deparar com o maior dos escândalos, pois envolve várias frentes além da estatal do petróleo.
Será possível avaliar a extensão do uso indevido do dinheiro público numa confusão deliberada com o privado e que envolve, pelo menos, cem políticos de expressão, alguns deles fora do Congresso, mas ocupando – ou tendo ocupado – cargos importantes em seus estados, como o de governador. A operação entrará, pois, na sua fase mais crítica, por estar em jogo uma correlação de força que já apresenta os primeiros ensaios.
O projeto encabeçado pelo senador Renan Calheiros, ora em tramitação no Senado, punindo abuso de agentes públicos, é a fase explícita desse enfrentamento. Trata-se de um desserviço ao país, pois não tem em sua gênese o interesse de coibir ações de quem ultrapassa os limites da lei, e sim de intimidar os agentes que ora incomodam os políticos. Antes do Natal, muita coisa pode acontecer, mas é preciso ficar atento, a fim de garantir que todos, de fato, se coloquem diante da lei, e não apenas uns poucos, especialmente os do andar de baixo.