DEDOS E ANÉIS


Por Tribuna

15/07/2015 às 07h00

O vice-presidente da República, Michel Temer, está sendo homenageado pelos seus pares peemedebistas por ter “destravado” as nomeações para o segundo escalão do Governo federal, fazendo o seu partido o principal beneficiado. Com isso, garante o PMDB na base da presidente Dilma depois de tantas lamentações dos seus liderados. Enquanto isso, o Partido dos Trabalhadores assiste ao ciclo sem poder fazer nada, pois faz parte do jogo quando o modelo de coalizão dá sustentação ao Governo na Câmara e no Senado.

Esse cenário não é inédito, mas mostra a quantas anda a insegurança da presidente, que precisa ceder dedos e anéis para garantir a aprovação de suas propostas, sendo o reajuste econômico a principal delas. Sem o PMDB, e não é de hoje, nenhum partido avança no Parlamento. Foi assim com Fernando Henrique, com Lula e agora com a presidente. Embora tenha o poder de agenda, o Planalto precisa dos partidos, que, por sua vez, dependem de nomeações para se garantirem diante de seus eleitores.

Nesse balcão, há possibilidades para gestos nobres, mas também para a política menor, praticada, sobretudo, por setores que vivem de nomeações e de interesses setorizados. Num Congresso com quase 30 partidos, a situação se agrava pela necessidade de agradar a todos, o que repercute nas próprias contas do Governo, obrigado, entre outras coisas, a criar ministérios, já que não há espaço para tantos pedidos.

Mudar essa situação é um dos principais desafios após a Constituinte. A prática política precisa ser repensada, sob o risco de as relações de poder ocorrerem distante do viés institucional, baseando-se apenas em negociações nem sempre republicanas.

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