Vitória de um lado, problema de outro

A notícia de que o terminal de carga do Aeroporto Regional da Zona da Mata foi alfandegado deve ser comemorada pela região. Resta saber se haverá melhor estrutura na estrada que leva até ele


Por Tribuna

14/03/2019 às 06h10

A divulgação de que o terminal de carga aérea do Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco foi alfandegado pela Receita Federal é uma boa notícia para Juiz de Fora e região e uma vitória, já que o pedido havia sido feito em junho de 2017. Com essa decisão, ficam autorizados o armazenamento e a movimentação de cargas nacionais e internacionais no aeroporto, que fica localizado na MG-353, entre os municípios de Goianá e Rio Novo, a cerca de 45 quilômetros de Juiz de Fora.

Especialistas acreditam que o local, que vem sendo utilizado apenas para o transporte de passageiros, poderá agora competir com outros aeroportos e movimentar o potencial da região para importações e exportações. A expectativa é que o alfandegamento no terminal possibilite o escoamento da produção de empresas da região de forma mais ágil. Ou seja, um alento econômico em meio a tantas notícias de crise.

No entanto, um fator complica essa situação de otimismo em relação ao alfandegamento. A chegada e a saída das cargas sem uso da MG-353 não seriam um problema. Mas o uso da rodovia, com traçado antigo, perigoso e sinuoso, seria um entrave para o escoamento por terra de cargas vindas, por exemplo, da região de Juiz de Fora, de Ubá ou de outros municípios vizinhos. A via já apresenta sobrecarga em fins de semana e precisou ser sinalizada com vários radares diante desse perigo iminente. Que risco real representaria o aumento excessivo de caminhões de carga nessa rodovia? Algum estudo foi feito para verificar a capacidade desse segmento?

É importante lembrar que um novo trecho de pouco mais de 13 quilômetros foi construído ligando a MG-353 à BR-040, justamente em decorrência do movimento do aeroporto para que os caminhões escapassem das serras existentes no trecho Coronel Pacheco-Juiz de Fora, possibilitando ainda a retirada desses veículos pesados – que tinham como destino os grandes centros – da área urbana de Juiz de Fora. No entanto, essa via não é suficiente para garantir o escoamento até o aeroporto nem a segurança de quem utiliza a estrada com frequência.

Leitores desta Tribuna já se manifestaram receosos dessa situação assim que a notícia foi divulgada. Eles lembram que a rodovia tem curvas perigosas e, ainda, trechos sem acostamentos, que não comportariam tal volume de trânsito. Agora será preciso que os municípios e empresários que possam ser beneficiados com tal medida da Receita Federal também se juntem e se esforcem para que uma necessária melhoria do traçado da MG-353 se torne realidade. Do contrário, a tão sonhada agilidade no escoamento de produtos pode se transformar em pesadelo para empresas, poderes públicos e, obviamente, para o cidadão comum que precisa fazer uso daquela estrada já perigosa em situações previstas ainda mais adversas.

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