COFRES PÚBLICOS


Por Tribuna

14/01/2016 às 07h00- Atualizada 14/01/2016 às 07h49

A desidratação da Petrobras, como mostraram os números apresentados ontem pela própria empresa – quando anunciou mais um corte de investimentos, de R$ 130 bilhões até 2019, devido à subida do dólar e à queda da cotação do petróleo -, é algo preocupante, pois seus resultados são danosos para o país, especialmente para os investidores, muitos deles pequenos acionistas que, nos tempos das vacas gordas, no anúncio do pré-sal, retiraram recursos do Fundo de Garantia ou de aposentadoria para apostar na empresa de petróleo.

Como não há certezas do tamanho do buraco, ainda mais num cenário de queda progressiva das commodities, é de se esperar que novos cortes virão, o que implica a extensão do túnel, cuja luz fica cada vez mais distante, a despeito do discurso otimista de alguns setores. No meio desse impasse econômico, a metralhadora do delator Nestor Cerveró continua jogando para baixo biografias e importantes atores da República, dizendo que também participaram, diretamente ou indiretamente, do saque à petroleira.

O ex-diretor da Petrobras não fez provas, mas suas denúncias têm o viés pedagógico de apontar para o uso político das empresas estatais. Embora concursado, ele galgou cargos graças ao apadrinhamento político e à sua facilidade camaleônica de se adaptar às circunstâncias. Fosse qualquer Governo, ele estava disposto a servir e a apontar o caminho do cofre. O grave desse enredo, porém, é que entra e sai Governo e o uso político dos cargos públicos não muda, o que faz do Estado – em qualquer de suas instâncias – um espaço de negócios, muitos nem tanto republicanos, sob a justificativa de o dinheiro não ter dono.

As reformas política e administrativa que poderiam dar norte a essa discussão são meros arremedos, apontando que a ciranda vai continuar.

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