A conta vai chegar
As concessões feitas pelo Governo para definir o fim da greve dos caminhoneiros não encerram os problemas, já que as consequências ainda estão em curso
O fim da greve dos caminhoneiros não implica, necessariamente, o fim dos problemas causados pela paralisação. Ao contrário, a conta vai chegar. O Governo estima um prejuízo da ordem de R$ 15 bilhões, mas estas cifras não levam em conta o que está pela frente. A produção de frangos, por exemplo, está comprometida, já que milhões de pintos morreram durante o evento. Com isso, os preços também devem ser majorados na conta final do consumidor.
Mas o dado mais grave, como a Tribuna mostrou na edição dessa terça-feira, está na saúde. O atraso na entrega de medicamentos e, principalmente, os cortes anunciados pelo Governo para subsidiar o diesel terão repercussão direta no setor. Trata-se de um dado que gera grande apreensão, por ser uma rubrica situada no topo das reclamações do brasileiro em qualquer pesquisa e impactada, no decorrer dos anos, por uma expressiva desidratação nos recursos.
O grave desse enredo é que não há perspectivas de mudanças no curto prazo. Os pré-candidatos não falam sobre o assunto, e a reforma tributária, que poderia melhorar a distribuição de recursos para estados e municípios, é pouco discutida. Todos falam de sua importância, mas não detalham que tipo de projeto irão inserir nos seus programas de Governo. A centralização de recursos em Brasília capitulada em lei é um desafio para o Congresso, que vive a reboque do Executivo e emparedado pelo Judiciário e pelo Ministério Público. Deputados e senadores perdem o poder de assertividade, ficando por conta apenas de questões menores a despeito de tantos problemas a serem enfrentados.