Ponto de encontro

Tumultos na Zona Sul são recorrentes e carecem de uma discussão com participação coletiva, a fim de garantir o direito de uso sem risco para a população da região


Por Tribuna

13/02/2019 às 07h02- Atualizada 13/02/2019 às 07h26

Os moradores da Zona Sul da cidade, especialmente dos bairros Bom Pastor e Alto dos Passos, voltaram a viver momentos de tensão no último fim de semana em decorrência de um evento que tinha tudo para ser um encontro para degustação e que acabou sendo palco de enfrentamentos de jovens com a polícia. Trata-se da repetição de um velho filme que ao longo dos anos motivou um sem número de reuniões envolvendo comerciantes, moradores e serviços de segurança sem que houvesse uma saída definitiva. Vira e mexe, a região é marcada por enfrentamento de galeras dispostas a marcar território.

De novo serão realizadas reuniões, e medidas de curto prazo, como ampliação do patrulhamento, vão sair do papel, mas não há perspectiva de solução definitiva para um problema, sobretudo quando há conflitos de interesses. Os empresários querem demanda, mas não querem bagunça. Os moradores, nem uma coisa, nem outra. No meio desse impasse estão os usuários, que também acabam pagando uma conta que não geraram.
A situação se agrava pela ação de grupos que desde cedo são vistos com garrafas à mão consumindo bebidas alcoólicas em demasia. A maioria é formada por jovens em busca de aventura e de uma identidade, que se expõe a toda a sorte de risco. Quando os grupos se encontram, o conflito é inevitável.

Por isso, a solução não é tão simples. Colocar a polícia na rua é uma saída, mas não há efetivo suficiente para cobrir uma noite inteira de eventos, sobretudo numa região que se tipifica por bares e restaurantes. Mas é possível, sim, identificar os vândalos que confundem as ruas com ringues, e que, usualmente, se apresentam como “donos do pedaço”, e desmobilizar a cadeia de poder que se apresenta nas ruas colocando em risco não apenas os moradores mas também aqueles que estão nos bares e restaurantes pelo simples lazer.

Com as redes sociais cada vez mais ativas, há dificuldades em antecipar os fatos, pois as convocações são rápidas e concisas, mas suficientes para mobilizar os grupos. Desta forma, os eventos fora da rotina devem carecer de acompanhamento mais intenso da segurança, pois são eles, a despeito de autorizações e importância de sua realização, que acabam sendo o foco dos problemas. O acontecimento do Bom Pastor ia dentro do esperado quando, de repente, foi invadido por grupos estranhos ao evento, ávidos por tumultuar a festa.

Por falta de outras opções e pela sua logística, a Zona Sul tornou-se um ponto de encontro de várias gerações. Acabar com esse lazer não é a melhor solução, pois haverá mais perdas do que ganhos, mas é necessário, de novo, colocar todo mundo à mesma mesa para se encontrar um ponto comum pelo qual todos ganhem.

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