RISCO NAS ESTRADAS
O considerável número de acidentes nas rodovias mineiras, especialmente a BR-040, não pode ser imputado apenas às más condições do tempo. Elas influem, é fato, mas o pior desse enredo soa como um paradoxo: os carros, a despeito de estarem mais seguros, andam mais. As estradas melhoraram, e tal combinação, quando utilizada por motoristas incautos, reflete nas estatísticas. Mesmo com números inferiores a anos anteriores, os acidentes continuam na agenda das autoridades como matéria de cabeceira para ser discutida. Os analistas indicam punições mais graves, mas enfatizam que é preciso incentivar o viés pedagógico. E há sentido nisso, porque os abusos são uma constante, mesmo com advertências frequentes.
As campanhas educativas são fundamentais, mas é preciso avançar, tratando o tema como uma demanda cidadã, isto é, sendo abordado desde cedo nas escolas, a fim de criar uma nova cultura na relação entre motoristas e pedestres, já que ambos precisam rever seus conceitos no uso das ruas. A Tribuna, em matérias recentes, apontou abusos que resultaram em danos pessoais e materiais, fruto do não entendimento das regras básicas do trânsito: motoristas agindo como donos das ruas, e os pedestres considerando que atravessar é uma decisão que pode ocorrer em qualquer trecho.
Como está longe a mudança de perfil das cidades, com menos automóveis e mais transporte coletivo, é preciso lidar com o atual cenário, ora carecendo de discussões frequentes. Tanto nas rodovias quanto nas áreas urbanas o risco é permanente. Ademais, salvo as vias privatizadas, onde o investimento, até por uma lógica de mercado, é frequente, as estaduais e federais, sob gestão pública, são precárias, sem sinalização, pouca informação, nenhum acostamento e buracos de toda sorte. São verdadeiras armadilhas para os usuários.