O país vive um importante momento em sua história, pois, a partir do relatório do deputado Jovair Arantes, autorizando a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, criou-se uma nova situação, sobretudo no Congresso Nacional. Os deputados da Comissão Especial, por 38 votos a 27, deram sinal verde para a admissibilidade de um eventual processo, a ser votado, provavelmente, a partir de sexta-feira, no plenário da Câmara. Será uma sessão longa, que pode durar até três dias, o que faz do domingo a data derradeira. Pelos discursos de ontem, que ocuparam cerca de dez horas de sessão, a tensão vai continuar, pois os lados se esgrimam com argumentos próprios. Desta vez, porém, apesar dos fortes adjetivos, não houve conflitos.
É o que se espera dos próximos passos, pois o país, a despeito de todas as críticas, tem que resolver suas demandas pela via política. Os discursos exacerbados são parte do jogo, desde que não ultrapassem limites éticos ou descabem para a intolerância. Talvez essa inflexão deva ser dirigida mais às ruas, nas quais nem sempre essa linha é respeitada. As manifestações são legítimas, mas ninguém está autorizado a colocar em risco o próprio processo democrático, que permite tensões, mas não violências físicas ou morais.
Ao mesmo tempo, é preciso estar atento aos próximos passos dos parlamentares. Num salve-se quem puder, o balcão de negócios se amplia. Os políticos têm um timing próprio, que funciona, lamentavelmente, de acordo com conveniências, ora por cargos nas instâncias de poder, ora por visibilidade na mídia, no jogo para a plateia. Ambos não surpreendem, mas a decisão final deve sair no voto. Para isso, a despeito de todas essas imperfeições, o Congresso – Câmara e Senado – é soberano.