Busca aos culpados

Enquanto a busca pelos corpos continua, a discussão se volta para o jogo de empurra envolvendo a Vale e os órgãos que deveriam fiscalizar as mineradoras


Por Tribuna

12/02/2019 às 07h10- Atualizada 12/02/2019 às 07h23

Ainda há muita coisa a ser explicada sobre a tragédia de Brumadinho, cuja conta de mortos continua subindo. No fim de semana, os jornais destacaram que, a despeito das recomendações, a Vale estava pronta para fazer obras de expansão das usinas naquela região com o aval da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, cujo laudo de aprovação teria sido emitido no final do ano passado, ainda na gestão Fernando Pimentel.

Em nota, a secretaria destacou que trabalhou em cima de laudos elaborados pela própria empresa e enfatizou que não houve qualquer movimentação nos terrenos apesar da aprovação. E mais: quem trata objetivamente do tema é a Agência Nacional de Mineração.

Nesse jogo de empurra, fica claro que muitos procedimentos precisam ser mudados. Em meados do ano passado, a Assembleia rejeitou um projeto que endurecia as regras para o setor sob o argumento de inviabilizar a ação das empresas no Estado. Depois da tragédia, os deputados que ficaram contra estão sendo “massacrados” em seus redutos eleitorais, embora tivessem tomado tal atitude apenas sob o viés econômico.

Há dois caminhos a seguir: aprimorar os procedimentos de fiscalização, com mais eficiência dos órgãos reguladores, e punir os responsáveis pela tragédia, uma vez que não haverá sentido ficar apenas em torno de multas quando as vidas não têm preço.

Tais decisões já deveriam ter sido tomadas quando do acidente de Mariana, com 19 mortos, que foi um dano ambiental sem precedentes na história do país. Muito se falou, mas pouco foi feito, mostrando que os centros de decisão continuam com memória curta a despeito dos riscos dessa amnésia.

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