Trump recua, mas embate com a China ainda é um problema
Presidente americano suspende tarifaço para a Europa, mas embate com a China, que reage com novas tarifas, mantém a tensão nos mercados
Embate com a China. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, piscou e foi induzido a rever seus conceitos sobre as tarifas. Ante a resistência da China, a quem impôs as maiores sanções, ele anunciou a suspensão de suas medidas em relação aos demais parceiros, acentuando que, pelo menos por 90 dias – a mesma imposta a países como Brasil e Argentina -, o percentual seria de apenas 10%.
Pelas redes sociais, o dirigente americano elogiou seu oponente Xi Jinping e o considerou um dos homens mais inteligentes que conhece. Como tem um comportamento pendular, os analistas evitaram interpretar o novo discurso, pois ninguém sabe qual é o objetivo final.
A guerra comercial imposta pelo presidente dos EUA deixou os mercados instáveis desde a quarta-feira em que ele anunciou o tarifaço sob o entendimento de que os parceiros iriam aceitar plenamente os seus termos. Mas não foi o que ocorreu: a reação em cadeia sinalizou para dias incertos, a começar pela economia norte-americana.
Trump tem uma visão própria do mundo, mas é um homem de negócios. Ante os desdobramentos de seus atos, revelando insatisfação de aliados históricos, como o mercado, ele não teve uma alternativa a não ser recuar.
A União Europeia também agiu com bom senso ao suspender sua reciprocidade, uma vez que não faz sentido sustentar uma queda de braço quando o antagonista adiou a disputa. A saída para esse impasse, mesmo ele tendo sido unilateral, é o diálogo.
A China, ao contrário dos demais países, têm meios de sustentar um embate comercial com os EUA, o que lhe permitiu não recuar. Trump talvez não esperasse tal reação, mas foi convencido por sua equipe de que não dá para abrir um leque tão amplo de confronto. A conversa com Xi Jinping deve ser o ponto a ser alcançado, a fim de dar fim a essa turbulência.
No Brasil, apesar de algumas falas do presidente Lula, o Governo não entrou em confronto com os EUA, o que, aliás, lhe valeu a taxação mínima de 10%, a mesma imposta à Argentina, cujo presidente, Javier Milei, se considera um amigo de Trump. O que o dirigente argentino não percebeu é que “amigos, amigos, negócios à parte” não é uma máxima de rua, e sim uma realidade, quando há dinheiro envolvido.
Os três meses de suspensão definidos por Trump devem ser suficientes para se encontrar um caminho comum, pois não há vencedores em confrontos de tal monta, mesmo com a justificativa de fazer a América grande outra vez. Ela se tornou o que é a partir do momento em que se abriu ao mundo em relações unilaterais.
Presidente dos EUA suspende taxações e mantém embate com a China, mas abre portas ao elogiar o seu principal oponente