Via mais segura
Quatro empresas estão habilitadas para participar do leilão da BR-040; espera-se que, assinado o contrato, a concessionária implemente as obras estratégicas na via
Quando a Via 040 ganhou a licitação para explorar a BR-040, entre Juiz de Fora e Brasília, já se sabia que a execução das metas estabelecidas no contrato era problemática. O documento assinado com o Governo delineava obras significativas, como a remodelação de viadutos – quatro deles em Santos Dumont -, a execução de projetos de segurança no trajeto entre Conselheiro Lafaiete e o acesso a Ouro Preto, na região do Bairro Alphaville, em Belo Horizonte, além da duplicação de vários trechos que necessitavam de investimentos.
No caso dos viadutos, a concessionária tinha opção de buscar rotas alternativas que não exigissem a construção de pontes de tal porte, mas essa possibilidade sequer chegou a ser aventada. Passados todos esses anos, os viadutos continuam sem qualquer mudança no perfil, embora tenham sido construídos no início dos anos 1960. Um deles, sobre a linha férrea, já foi ponto de graves acidentes, como o que matou o ex-presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora Paulo Rogério dos Santos, em março de 2008.
As empresas habilitadas para o leilão desta quinta-feira (11) certamente conhecem as demandas e têm seu projeto facilitado pela mudança no modelo de privatização. Dessa vez, a concessão alcança apenas um trecho de 261 quilômetros, que já conta com três praças de pedágio. Na sua passagem por Minas Gerais, o ministro dos Transportes, Renan Filho, assegurou que a concorrência não vai dar deserta. A conferir.
Uma das melhores rodovias do país, especialmente entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora, a BR-040 carece de investimentos para conclusão de obras em todo o seu trecho. Na direção do Rio, as obras da Região Serrana são prioridades, mas o maior risco continua sendo na altura de Santos Dumont e a partir da Conselheiro Lafaiete. Neste, além da falta de divisão de pista, há o agravante dos caminhões das mineradoras, que agem como se estivessem em um rally sob qualquer condição climática, intimidando os demais usuários.
A Assembleia Legislativa, antes e depois da privatização, já discutiu a situação por meio de comissões especiais, mas o resultado foi pífio, porque nada mudou. Os deputados, muitos deles usuários da via, conhecem os perigos, mas não convenceram as instâncias de poder para execução de obras. Com a privatização, o cenário pouco se alterou.
Nessas últimas décadas, o maior projeto foi desabilitar o conhecido Viaduto da Almas, perto de Congonhas do Campo, que sistematicamente registrava acidentes. O trecho foi mudado, e seu “esqueleto” é apenas uma lembrança do passado de medo na região.
Espera-se que a nova concessionária atente-se para o atual cenário da rodovia, a principal ligação de Juiz de Fora com Belo Horizonte. Assegurar a remoção rápida dos caminhões de mineração e a divisão protegida das pistas será um progresso significativo para quem usa a estrada.