Obra inacabada

Em maio de 2018, ano em que disputaria a reeleição – ficou fora do segundo turno -, o então governador Fernando Pimentel, em ato no Teatro Paschoal Carlos Magno, inaugurou a rodovia AMG-3085, ligando a BR-040, na Barreira do Triunfo, à MG-353, na altura da localidade de João Ferreira. O trecho de 14 quilômetros tirou da região de Grama o fluxo de veículos pesados, facilitando o trânsito da população, que já tinha problemas com os quebra-molas. Trata-se, no entanto, de uma obra inacabada.

A inauguração foi incompleta ante os prazos. Pimentel, a despeito de não precisar se desincompatibilizar, por conta da reeleição, tinha data para entregar obras. Diante disso, o trevo no entroncamento com a BR-040 foi improvisado até um projeto definitivo. Aliás, na mesma solenidade, ele assinou despacho autorizando a execução da interseção no entroncamento na Barreira do Triunfo, demandando recursos da ordem de R$ 1,5 milhão.

Próximo de completar cinco anos, o projeto ainda não saiu do papel, e a rodovia, mesmo encurtando distâncias, ainda tem sérios problemas. Na edição de domingo, os repórteres Hugo Netto e Leonardo Costa voltaram à região e constataram o tráfego confuso e o permanente risco de acidentes. Falta sinalização adequada, e sobram entulhos nas margens. Os motoristas são obrigados a reduzir a marcha em decorrência dos obstáculos.

Em seus portfólios, o Governo de Minas tem anunciado frequentemente a construção de rodovias e a recuperação de tantas outras, mas a AMG-3085 não está entre os projetos apresentados. Ante o questionamento da Tribuna, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) disse que “o projeto de engenharia para recuperação do ponto foi concluído neste ano, e a previsão é de que o edital de licitação da obra seja publicado ainda neste semestre”. Garantiu ainda que a rodovia recebesse manutenção constante.

As imagens são claras, mas o que chama a atenção é o timing das instâncias governamentais. A obra foi entregue em maio de 2018, e só agora o projeto para conclusão do acesso foi finalizado, indicando que não há prioridade e confirmando a ausência da instância política. A Zona da Mata tem um expressivo número de parlamentares, mas não houve resultado em eventuais pleitos para resolver a questão.

Os usuários, por sua vez, continuam convivendo com uma rodovia que foi construída para reduzir o tempo entre a cidade e duas instâncias econômicas importantes: o Porto Seco e o Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco. A malha rodoviária é um dos principais indutores do desenvolvimento e, por isso, carece de prioridade.

Quando idealizou o aeroporto, Itamar Franco destacou que ele seria fundamental para o desenvolvimento regional. Tinha razão, mas faltou a MG-353. Se tem meios de ser um terminal de carga industrial, o acesso a ele deveria merecer mais atenção, e nesse pacote também entra AMG-3085.