Reforma indigesta
Projeto que trata da Previdência precisa ser bem esclarecido, a fim de garantir respaldo da sociedade, embora esta reconheça a necessidade de medidas para salvar o benefício no futuro
Há consenso dentro e fora do Governo de que a reforma da Previdência é uma necessidade inadiável, a fim de garantir às futuras gerações o benefício da aposentadoria, mas há também curiosidade para saber que proposta será levada ao Congresso. Como o Planalto espera a posse do novo Parlamento, prevista para fevereiro, ainda vai demorar um pouco para a divulgação do conteúdo, mas seria vital que a questão ganhasse as ruas de imediato, uma vez que serão os trabalhadores a parte mais interessada no assunto. Em recente entrevista ao SBT, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o teto de 62 anos para os homens e 57 para as mulheres, mas, a despeito do cargo, sua ideia não é seguida pelos auxiliares da área econômica, defensores de um projeto mais duro.
A Previdência é um desafio para qualquer governo e não se mostra diferente na atual gestão. Os militares mantém sua resistência e mandam avisar que estão preocupados com o assunto, sobretudo quando se trata dos seus. No entendimento de alguns oficiais-generais, as Forças Armadas devem ter um regime diferenciado ante as peculiaridades da profissão. O próprio presidente da República, militar da reserva, defende a exclusão dos militares do pacote a ser enviado ao Congresso.
E é diante desse nó que vai ocorrer a eleição para a presidência da Câmara Federal e do Senado, e será também o momento para se saber qual será o encaminhamento a ser dado à reforma, dependendo do perfil dos novos dirigentes do Legislativo. A reeleição de Rodrigo Maia, na Câmara Federal, é considerada importante por sua visão econômica próxima do Planalto, mas a reforma da Previdência tem seus dissensos mesmo na base do Governo, exigindo uma discussão transparente, mas objetiva, capaz de convencer o país da sua necessidade sem o comprometimento de direitos consolidados.