Meu pirão primeiro
Tanto na esfera federal quanto na estadual há claros indícios de ações voltadas meramente para o processo eleitoral, embora no ano que vem eleições sejam municipais, nas quais o viés ideológico pouco pesa, salvo quando há diferenças abissais. Como também esse pleito será diferente, pois não terá coligações, cada legenda terá que se salvar por si própria, o que tem levado os comandos nacionais a agirem com tamanha antecedência.
Na convenção do fim de semana passado, em Belo Horizonte, o PSDB se viu diante de um impasse. Tem representantes na administração Zema e tem como líder do Governo na Assembleia um filiado à legenda. Em discurso de redenção, pois há tempo não tem adotado uma postura tão enfática, o deputado Aécio Neves, além de classificar a atual gestão de amadora, disse que seu partido não será base do Governo.
Ganhou em parte, pois a bancada estadual entendeu o contrário e resolveu continuar no apoio ao governador, mesmo diante da pressão dos deputados federais que defendem o caminho inverso. Os parlamentares estaduais se recusam a atender às “ordens” de Aécio, por considerarem que tal postura, mais do que apoiar o Governo, lhes criaria embaraços no futuro com seus eleitores.
Mas o jogo pré-eleitoral não cessa na capital. Em Brasília, especialmente no caldeirão da Câmara Federal, o embate não se restringe à reforma da Previdência. Governo e oposição demarcam terreno, e o próprio Planalto dá tratos à bola, quando o presidente Jair Bolsonaro se apresenta em programas populares e emite um decreto flexibilizando no limite – como ele mesmo disse – a posse e o porte de armas.
Todas essas ações são do jogo, mas melhor seria se a pauta da Previdência fosse a prioridade, inclusive nos estados, pois é neles que a corda aperta perante um cenário de desequilíbrio desmesurado das finanças. Os governadores bateram à porta da União, mas voltaram para casa sem uma resposta objetiva do presidente. Este, porém, pediu prazo de uma semana para avaliar o que pode e o que não pode ser concedido aos estados.