BASE INSTÁVEL
Em recente encontro com a base governista, o vice-presidente Michel Temer, a quem cabe a coordenação política, não mediu adjetivos para indicar que a crise é bem mais expressiva do que o previsto, exigindo fidelidade das bancadas e esforço no apoio ao Governo, ora sob pressão do TCU – a quem cabe o julgamento de suas contas -, da operação “Lava jato” – que ronda gabinetes privilegiados de Brasília – e do próprio Congresso, que tenta adotar um papel assertivo como se estivesse fora do alvo do Ministério Público.
Além disso, partidos como o PTB e o PDT, responsáveis por uma bancada de 44 deputados, anunciaram sua rebeldia, colocando-se como independentes num momento de fragilidade da presidente Dilma Rousseff. É fato que os partidos são livres para agir, não fosse o viés pouco republicano de algumas agremiações nas suas relações com o Planalto. Estão na base por interesses nem sempre ligados ao das ruas e, num momento em que o coordenador clama pelo apoio, ora saltam do barco, ora ampliam a sua pressão, como a própria legenda de Temer, o PMDB.
O discurso da moda, agora, é uma nova reforma do ministério, como se essa fosse a solução para todos os males. O pano de fundo, porém, é a briga por cargos, que se acentua em períodos pré-eleitorais. Embora o próximo pleito seja municipal, quem tem a caneta às mãos pode ter forte influência nas bases.
De olho nas próprias demandas, os partidos mostram desapego com o ponto central da crise, que não passa, necessariamente, pelos seus interesses, e sim pelo que afeta diretamente as ruas.