PERDAS E GANHOS
Enquanto a Lava Jato prossegue e novos atores são inseridos no jogo, o Planalto abriu uma nova frente de preocupações: o endividamento das empresas, sobretudo no exterior, e suas consequências no mercado interno. Muitas delas são as maiores empregadoras e, se quebrarem, aumentam ainda mais o número de desemprego no país, que já anda em faixa preocupante. O grave desse enredo é que não se vê a luz no fim do túnel, apontando que 2016 será um ano tão perverso quanto 2015, agravado por uma interminável crise política que só aumenta. Na segunda-feira, se não houver contratempos ou manobras, deve entrar na pauta a votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dois lados contam vitória, mas não têm certeza de seus números, embora a oposição considere já ter a maioria.
O fundamental, porém, é que haja uma solução, pois a conta está sendo muito alta, não apenas no balcão que se estabeleceu no Governo, para angariar aliados, mas também na opinião pública, que deseja uma saída imediata para esse impasse. No levantamento de perdas e ganhos, por enquanto, não há vencedores, sobretudo pela falta de perspectivas que se instalou. Ninguém sabe aonde isso vai dar, embora já haja a certeza de que qualquer resultado será problemático. Se a presidente for vitoriosa, com o auxílio dos novos aliados, não terá tempo sequer para um dia de comemorações, pois irá governar com um Congresso hostil e ruas em tensão permanente. Se for impedida, sua base também não irá se conformar com os resultados.
Se no impedimento de Fernando Collor o vice-presidente não tinha arestas e nem impedimentos éticos ou políticos, o que fez de sua gestão de coalizão um sucesso, pois nela houve a mudança da matriz econômica para o Real, não se pode dizer o mesmo agora. Itamar Franco governou e ainda fez o sucessor pelos próprios méritos. Hoje, Michel Temer vive sob a sombra da dúvida. Rompeu com o Governo, mas não conquistou de vez a oposição, ficando numa situação incômoda, sobretudo ante a ameaça dos antigos aliados de fazer de seu eventual governo um inferno. Enquanto isso, entra na agenda uma nova eleição. A dúvida é saber se é esse o melhor caminho. Os próximos dias dirão.