Dia Internacional da Mulher aponta para a necessidade de mais políticas públicas
O Dia Internacional da Mulher deve servir de alerta para os necessários avanços nas políticas públicas para as mulheres
Velhas demandas
O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesse sábado, apontou para a necessidade de mais políticas públicas, a despeito de todos os avanços registrados nos últimos anos. Ao fim e ao cabo, velhas demandas continuam na agenda e caminham em ritmo lento. As mulheres ainda recebem menos do que os homens, mesmo em cargos semelhantes, e ainda são expressiva minoria nos postos de comando.
Até mesmo a instância política se mostra resistente ao processo de mudanças. As principais legendas partidárias continuam sendo conduzidas por homens. Na representação nas casas legislativas, mesmo com mudanças na legislação, estão aquém de sua representatividade na população. Vários projetos sobre paridade de gênero tramitam no Congresso, mas não avançam. A cota de 30% das vagas nas chapas é um mero detalhe, uma vez que o que se espera é que sejam convertidas em cadeiras tanto no Congresso quanto nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais.
As mulheres avançam pelos próprios méritos, quando rompem laços de preconceitos ainda presentes, especialmente, no mercado de trabalho. O Brasil teve apenas uma mulher na Presidência da República, e ela, por várias questões, inclusive preconceito, não concluiu o mandato. Teria o mesmo tratamento se fosse um homem?
A Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, como Lei n.º 11.340, visa proteger a mulher da violência doméstica e familiar no Brasil. Ela chega aos 19 anos, mas as ocorrências continuam sendo um dado real tanto nas camadas populares quanto nos segmentos mais abastados. Os números são subestimados por conta da subnotificação, mas o noticiário tem sido pródigo em apontar os casos.
Isto posto, a discussão continua, como ocorreu no ano passado e nos períodos anteriores, em torno da implementação de políticas de igualdade de gênero. No discurso, vários projetos são apresentados. Na prática, eles se perdem nas questões referentes à burocracia e ao preconceito.
Na última sexta-feira, a Rádio Transamérica apresentou um podcast feito por mulheres, mas para mulheres e homens, no qual foram apresentadas várias experiências, especialmente sobre o mercado de trabalho e os desafios do empreendedorismo feminino. O caminho é desafiador para todos os gêneros, mas, quando se trata de mulheres, os obstáculos são maiores. O programa está disponível no YouTube da Tribuna.
Mas são inúmeras as histórias de sucesso e de inspiração. De acordo com o Relatório Global de Desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial, a Islândia é um país avançado graças à conscientização coletiva e à implementação de leis estabelecendo igualdade salarial.
No entanto, há casos de sucesso em países fora da lista dos mais desenvolvidos. Em Ruanda, desde 2008, as mulheres compõem mais de 60% do Parlamento do país. No Brasil, a despeito de as mulheres serem maioria da população e nos colégios eleitorais, tal proporção passa longe disso.
A igualdade de gênero não é apenas um ideal. Ela pode ser realizada com políticas públicas, mudanças culturais e esforços empresariais. Depende de todos.