O medo nas estradas

A redução do número de mortos deveria ser vista com otimismo. No entanto, ainda não se pode celebrar vitória, já que o número de 27 óbitos em Minas ainda pode ser considerado muito alto para um período tão curto, entre a sexta-feira de carnaval e a Quarta-feira de Cinzas


Por Tribuna

09/03/2019 às 05h26

As estradas federais que cortam o Estado de Minas Gerais tiveram nove mortes durante o carnaval. Foi o menor índice de vítimas fatais em um período de dez anos durante os dias de folia. Já nas vias estaduais, o número de mortes chegou a 18, índice 25% menor do que no ano passado. Dessa maneira, 27 pessoas perderam a vida em acidentes no estado, que tem a maior malha rodoviária do país.

A redução do número de mortos deveria ser vista com otimismo. No entanto, ainda não se pode celebrar vitória, já que o número de 27 óbitos ainda pode ser considerado muito alto para um período tão curto, entre a sexta-feira de carnaval e a Quarta-feira de Cinzas. Os números de mortes no trânsito no Brasil ainda assustam de maneira geral e, muitas vezes, são comparados a perdas de uma guerra.

Há muito a se fazer ainda em matéria de conscientização, do lado dos motoristas, e de conservação e melhoria das rodovias, por parte dos poderes públicos. No caso dos motoristas, por exemplo, 17 foram presos pela Polícia Militar Rodoviária no estado após serem pegos dirigindo embriagados. A imprudência persistiu mesmo com a vida sendo colocada em risco e com a pesada multa de R$ 2.934,70. No caso da manutenção das estradas, ainda há muitos trechos esburacados, com mato alto encobrindo placas e centenas de segmentos sem ter sequer acostamentos.

Diante desse quadro, em relação ao período de carnaval, é importante ressaltar que muitos evitam as estradas nesse período por receio do que vão enfrentar pela frente. Rodovias que não comportam tamanho movimento, condutores que esquecem as condições das estradas e têm pressa de chegar, exagerando na velocidade, trechos repletos de caminhões, que deveriam ter legislação mais rigorosa nesta época, sendo restrita ainda mais a sua circulação. Isso torna-se necessário já que muitos acidentes são causados diante das manobras de ultrapassagens forçadas sobre os veículos de carga.

É preciso celebrar, porém, a realização de mais operações, mais rigidez e mais punição para os abusos nas estradas. Mas todo o cenário de mortes e feridos que ainda encontramos nos leva a concluir que viajar em períodos de festas no país tem se transformado em sinônimo de medo e que é preciso investir ainda mais em segurança, tecnologia, policiamento e manutenção das rodovias para garantir o ir e vir das pessoas.

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