Cargo estratégico
Presidente do Poder Legislativo é fundamental para o encaminhamento das demandas do Executivo, daí o interesse permanente do Governo em sua eleição
A presidência do Legislativo é estratégica não apenas para grupos de poder, mas também para o próprio Executivo. A despeito do discurso recorrente de não haver ingerência entre os poderes, a eleição do presidente da Câmara Municipal, do presidente da Assembleia ou do presidente da Câmara Federal, acrescentando-se ainda a do presidente do Senado, é sempre acompanhada pelo prefeito, pelo governador ou pelo presidente da República.
Alguns, de fato, não se metem na casa do vizinho, mas são exceções. Um presidente aliado é fundamental para encaminhar projetos e, como também é do jogo, reter matérias que sejam indigestas para o Executivo. Em Juiz de Fora, o prefeito Antônio Almas, de fato, se manteve distante da sucessão na Câmara, que culminou com a vitória do vereador Luiz Otávio Coelho (Pardal); o governador Romeu Zema, em Belo Horizonte, deve fazer o mesmo em relação a Agostinho Patrus, mas o ponto crucial é em Brasília, o centro do poder.
Quando se tem um presidente da Câmara hostil, tudo pode acontecer. Não fosse a ação direta do deputado Eduardo Cunha, ora preso, provavelmente a então presidente Dilma Rousseff teria escapado do impeachment. Foi seu encaminhamento da matéria e o veto aos embargos os pontos centrais para o Congresso apeá-la do cargo.
Não é de graça, portanto, que o Governo do presidente Jair Bolsonaro aposta na candidatura de Rodrigo Maia, embora seja ele filiado ao DEM e já estando no posto desde o período Temer. Sua experiência e a convergência de pontos de vistas econômicos são fundamentais para o encaminhamento das matérias de interesse do Governo. Caso contrário, tudo pode ir por água abaixo, apesar das boas intenções.