Velha demanda
A Previdência Social é o gargalo de todas as administrações do período democrático. Isso todos sabem, mas a solução, a despeito de ser um tema recorrente de campanha, fica restrita aos palanques, uma vez que a adoção de medidas, a maioria delas com forte impacto social, não ocorre. Agora, chegou a vez de a presidente Dilma Rousseff dizer que vai atacar o problema, sem revelar como, salvo com as soluções apresentadas ao curso dos anos: aumento da idade para aposentadoria ou criação do fator que conjugue tempo de contribuição com idade. Todos os governantes que adotarem esse caminho – e parece não haver outro – foram emparedados pelas centrais sindicais, por conta do risco de perda de direitos.
Os debates são realizados em compartimentos estanques num cenário de mútua intransigência. De fato, os sindicatos têm que zelar pelos direitos dos trabalhadores, mas, à medida que não fazem concessões, podem estar prejudicando ainda mais esses trabalhadores. Hoje, os aposentados, sobretudo os que recebem acima do salário mínimo, são as principais vítimas desse modelo. A cada ano, o poder de compra de seu salário se perde, uma vez que os governos, e não apenas o de Dilma, não resolvem essa desidratação quase mensal. Os reajustes estão sempre abaixo da inflação.
A intenção da presidente, portanto, não deve ficar apenas no campo das ideias, carecendo ir adiante, inclusive, com o envolvimento até da oposição. Hoje, um dos fomentadores da crise não se situa apenas na ineficiência do Governo mas também na ação dos adversários que apostam no “quanto pior melhor”, para ganhar espaço, esquecendo-se de que podem estar no lado do balcão numa próxima jornada eleitoral.