NOTA DE TEMER
A nota oficial da vice-Presidência da República, assinada pela assessoria de imprensa e não pelo vice-presidente Michel Temer, é o tipo de desmentido que acaba confirmando o fato. A emenda, nesse caso, fica pior do que o soneto, pois em momento algum se disse que ele conspirava contra a presidente Dilma Rousseff, mesmo tendo dito que era preciso alguém para assumir a discussão dos problemas nacionais ou que com a popularidade tão baixa nenhum governo sobrevive. O debate teve como foco as atitudes do vice, nada mais do que isso.
Temer, de refinado trato e que nunca dá um passo além da perna, age como um bom centroavante, se colocando na área pronto para receber o passe. Este ainda não veio, mas, se o prestígio do Governo não aumentar, ele está posicionado para fazer o gol. Tudo vai depender dos próximos dias, quando o Governo terá que apresentar a reforma ministerial, que ele mesmo anunciou, e a emenda no orçamento, pois nem a Câmara nem o Senado aceitaram arrumar a Lei de Meios, que chegou ao Congresso com um déficit de quase R$ 31 bilhões.
A nota do vice serviu, talvez, para conter os açodados, que já viam nele um novo Itamar, embora sejam outras as circunstâncias. A presidente da República erra na economia e no trato político, mas, pessoalmente, não tem contra si qualquer dúvida quanto à sua reputação. Collor vivia uma crise política e moral, que ora se repete quando não explica carros importados e muitos menos repasses milionários em sua conta.