VELHOS TEMPOS
Uma das implicações do mercado global, no qual o dólar é uma das principais referências, é a repercussão no custo país quando a moeda norte-americana sai dos patamares adequados, como ora. No período em que se estabilizou em torno de R$ 2, o cenário era outro, e as viagens internacionais faziam dos brasileiros visitantes vips pelo mundo afora. Agora, quando fica em torno de R$ 4, tudo mudou. Os orçamentos minguaram, e o sonho da viagem internacional foi adiado. Para os que já estavam com tudo pronto, um pesadelo.
O ponto a ser discutido, porém, não se situa no lazer, e sim nas contas do dia a dia. Como a Tribuna indicou na edição de ontem, desde que passou a barreira dos R$ 4, a moeda norte-americana vem pressionando os preços para o consumidor, afetando até mesmo o dos alimentos. No tempo da inflação de dois dígitos, a ciranda de reajustes frequentes funcionava como um dominó: a inflação subia, os combustíveis eram adaptados aos preços do petróleo, o frete repassava, os produtos acumulavam os novos preços, e o consumidor ficava com a conta.
Hoje, ainda de acordo com o jornal, alimentos, medicamentos e artigos de beleza já estão mais caros, isso sem falar dos eletrônicos, sonho de consumo da classe média e que voltaram ao antigo status, ficando só no sonho. Quem já tem não tem meios de fazer o upgrade. Como no mundo tecnológico as coisas ficam ultrapassadas de um dia para o outro, tudo volta ao tempo da inflação.
Em entrevista na última segunda-feira, o ministro Joaquim Levy reafirmou sua esperança no ajuste fiscal, única fórmula, segundo ele, de recolocar o país nos trilhos e, por consequência, garantir os sonhos dos consumidores. Mas tudo depende da política, na qual o clima é de incertezas em aprovar as medidas por ele apontadas, inclusive a CPMF, de péssima memória.