Alerta aos partidos

Movimentos apartidários ganham relevância na cena nacional, indicando que os partidos precisam estar atentos e voltados para o aperfeiçoamento da democracia


Por Tribuna

06/10/2019 às 07h00

O crescimento expressivo de grupos apartidários no cenário político brasileiro é um fenômeno que vai além das fronteiras, mas tem forte inflexão no Brasil em razão dos episódios recentes na vida nacional. A maioria, a despeito de não se considerar uma instância partidária, tem um discurso voltado para ações políticas, visando, de certa forma, a melhorar a práxis do mandato, hoje comprometida pelos escândalos de corrupção.

Aos filiados são apresentados modelos de gestão da “res publica” e ações objetivas, a fim de garantir o sucesso de seus projetos. Os personagens oriundos desses grupos têm se destacado na instância partidária, mesmo diante do estranhamento nos parlamentos por suas posições. O caso mais emblemático é o da deputada Tabata Amaral, filiada ao PDT de São Paulo, que enfrentou forte questionamento da cúpula nacional ao votar contra os interesses da legenda. Ela apoiou a reforma da Previdência enquanto o partido fechou questão contra o projeto.

E é aí que entra o outro lado da discussão. A proliferação de tais movimentos é uma clara crítica ao modelo partidário, que tem se mostrado ineficaz na discussão das demandas nacionais e, mais do que isso, incapaz de criar uma nova geração de lideranças voltadas para princípios básicos da política. A formação de quadros é uma exceção entre as legendas, pois boa parte atua sob o controle de caciques, personagens mais voltados para os interesses pessoais ou de grupos.

A prova é colhida diariamente, com brigas internas por poder e acordos para obtenção de cargos nas instâncias administrativas. As convenções, em vez de espaço para discussão de projetos, tornaram-se arenas de enfrentamento de grupos de interesse. São raras as exceções.

Na edição de sábado, a Tribuna mostrou a evolução dos grupos apartidários e a meta de seus alunos. Legitimamente, alguns personagens têm a pretensão de buscar um mandato nas eleições de 2020. Pode ser um frescor no debate sobre o futuro de Juiz de Fora, cujas eleições, como ocorre pelo país afora, têm sido marcadas por discussões rasas sobre o que pode ser feito pelo município.

Por fim, a despeito de serem um espaço de aperfeiçoamento, tais movimentos devem recomendar que seus alunos tenham uma visão generosa dos partidos. Eles são fundamentais para a democracia e o espaço adequado para a discussão de ideias. A meta é torná-los eficientes, mas jamais considerá-los fora do jogo. Os que assim atuaram tangenciaram a linha da intolerância.

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