JOGO PESSOAL


Por Tribuna

06/08/2015 às 07h00

A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de tirar o Partido dos Trabalhadores das comissões parlamentares de inquérito a serem instaladas, como a do BNDES e dos fundos de pensão, foi uma clara demonstração do personalismo que tomou conta da política, ou de alguns setores desta, pois ele, a despeito de ser um dos maiores conhecedores do Regimento Interno da instituição, não mediu esforços para contrariar uma cláusula que prevalece há tempos: os maiores partidos – e o PT é um deles – têm assento em qualquer comissão, por conta de sua representação. Cunha retaliou, fazendo do seu mandato um jogo pessoal.

Nesse momento de incertezas sobre até onde vão as investigações, há movimentos paralelos que não contribuem em nada para o processo democrático. A CPI da Petrobras repassa à opinião pública a clara impressão de ser mais para proteger os políticos do que para investigar. As convocações apresentadas, como a da advogada Beatriz Catta Preta, que pautou suas ações nas delações premiadas, foram uma clara constatação do corporativismo dos parlamentares. Só erram ao achar que as ruas estão comprando o seu discurso.

Nem mesmo o Ministério Público está infenso a esse processo. Com a eleição do novo procurador-geral, embora Rodrigo Janot deva ser reconduzido pela presidente Dilma Rousseff, os promotores, especialmente da operação “Lava jato”, estão se articulando para enfrentar o jogo dos deputados e senadores, reforçando suas posições. Todos os candidatos têm o discurso único de manter as investigações, numa clara demonstração de que nada muda. Mas não precisavam disso. Basta, como ora fazem, cumprir o que manda a lei.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.