Meio da vida
Há pouco a celebrar no Dia Mundial do Meio Ambiente, mas a data serve para discussões sobre o que deve ser feito
O 5 de junho não é uma mera data no calendário. Desde 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano vem fazendo desse dia um momento de reflexão permanente, a fim de chamar a atenção da população e dos governos para os problemas ambientais e para a importância de preservação dos recursos naturais. Conscientizar é um trabalho relevante, sobretudo quando todos estão no mesmo barco.
Vários governos, no entanto, consideram que há um discurso alarmista em torno do tema, preferindo adotar uma política mais flexível no setor. Desde a ascensão do presidente Donald Trump, os Estados Unidos vêm se desfazendo do legado de gestões anteriores, especialmente de Barack Obama, como sua renúncia ao Tratado de Kioto, que aborda o aquecimento global. Para Trump, é pura balela.
No Brasil, o governo Bolsonaro, agora com menos ímpeto, entrou na mesma vibe, sobretudo com o ministro Ricardo Salles, que tem um novo olhar sobre as políticas ambientais. É do jogo, pois foi com esse discurso que os eleitores mudaram os rumos da política brasileira. Há, contudo, questões que precisam ser mais bem posicionadas para evitar danos irreparáveis.
O tema deste ano é a poluição do ar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nove em cada dez pessoas no mundo estão expostas a altos níveis de poluição do ar. O relatório acrescenta o custo global de US$ 5 trilhões por ano, cifra com tantos zeros que impressiona em todos níveis.
O Brasil não ostenta os números impressionantes dos Estados Unidos e da China, que ficam com os principais dados dessa equação. No entanto, a despeito do distanciamento das duas maiores economias do planeta, o país precisa estar atento. Algumas de suas metrópoles, como São Paulo, ostentam índices preocupantes. Sua linha do horizonte, mesmo em dia do chamado “céu de brigadeiro”, é marcada por uma faixa cinza, fruto das matérias em suspensão. O resultado são contaminações silenciosas que comprometem a saúde da população e aumentam os custos com o tratamento.
O enfrentamento, porém, passa também por pequenas ações. Induzir queimadas, jogar lixo na rua são questões pessoais. Aos governos cabe, entre outras medidas, preservar seus mananciais, tratar adequadamente o lixo, com políticas de reciclagem abrangentes e estações sanitárias com revisão frequente. O somatório de grandes e pequenas medidas irá ditar o futuro do mundo, pois os próprios estudos indicam que, daqui a 50 anos, se nada for feito, a situação irá caminhar para o ponto crítico da irreversibilidade.