CIDADANIA E DEMOCRACIA
Independentemente das investigações realizadas pela Polícia Federal no país em relação à corrupção envolvendo políticos e estatais, é preciso que haja um compromisso em todas as esferas de se continuar legislando e fazendo o setor público andar. Do contrário, o país e a população vão continuar sofrendo as consequências de escândalos políticos sem precedentes e de um país pouco irmanado, alimentado pelo ódio e dividido entre prós e contra governo.
O que não se pode neste momento é aproveitar a crise para centrar todas as discussões na corrupção, esquecendo-se de outras importantes prerrogativas além da honestidade, como a defesa dos direitos dos trabalhadores e dos movimentos sociais e os esforços nas relações humanas contra o fundamentalismo, o racismo e a homofobia. Além disso, as questões econômicas não podem ficar à mercê das agitações políticas, o mesmo não podendo ocorrer com os avanços no caminho pela redução da pobreza e no acesso à educação.
Nossa cidadania ainda está sendo gestada, e o problema da corrupção não pode ser um empecilho neste caminho. Cidadania e democracia andam juntas, e ser cidadão é algo construído de forma gradual, com participação e informação de todos sobre direitos e deveres. Mais do que prisões de políticos, é preciso que se mude o jeito de se fazer política, porque não há partido isento de ter corrupto em seus quadros.
Esperamos que a luta não seja apenas para crucificar políticos e demonizá-los, mas para que se construa uma política sem vantagens e favorecimentos nos municípios, estados e na nação como um todo. A luta pela legitimação do Estado de direito passa pela reforma política, sim, mas, principalmente, pela ampliação da educação cívica e política do povo, fiscal contínuo de seus representantes não só no período das eleições.