Cuidados com a palavra

Num momento de tantas expectativas, o discurso dos líderes deve ser pautado pela atenção, a fim de evitar euforias ou frustrações


Por Tribuna

05/01/2019 às 07h00- Atualizada 05/01/2019 às 14h21

O governador Romeu Zema, em entrevista à GloboNews, na manhã dessa sexta-feira (4), disse que fará o possível e o impossível para pagar o 13º salário dos servidores, mas observou que será parcelado, pois não há recursos no caixa para resolver a pendência deixada pela gestão anterior. Faz sentido, mas o governador e qualquer outra autoridade devem estar atentos às palavras, para evitar comprometimentos que não podem ser cumpridos. Na quarta-feira, o próprio Zema teria dito que não havia chances de o 13º ser pago no curto prazo, nem prazo para a sua solvência.

Ninguém desconhece a situação crítica dos entes federados. O próprio presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que vai ajudar os governos estaduais e as prefeituras, mas é fundamental atenção ao que se fala para não criar expectativas ou frustrações antecipadas. Quando disse não ter data para pagar o 13º, o governador jogou uma ducha de água fria na pretensão de trabalhadores que fizeram planos e contavam com o recurso. Sua fala mais recente tem outro sentido.

Depois de uma eleição tão polarizada e de resultados surpreendentes nos estados – entre eles Minas -, criou-se um cenário de expectativa de novos tempos. O eleitor que virou o jogo em Minas, dando a Zema impressionantes números para quem entrava no jogo pela primeira vez, agora espera a reciprocidade, isto é, a mudança no modelo de gestão e resultados que recoloquem Minas entre os estados com saúde financeira adequada para o cumprimento de compromissos com a população.

Nos últimos quatro anos, a despeito do engajamento da população, quando elegeu Fernando Pimentel, muitas esperanças ficaram para trás, e Juiz de Fora viveu tal experiência ao acreditar, por exemplo, que o Hospital Regional fosse inaugurado, pois foi isso o que o PT disse em campanha. Textualmente, Pimentel prometeu finalizar a construção dos hospitais regionais, mas não conseguiu. Ao contrário, a situação se agravou em várias áreas ante o cenário de crise que afetou a economia brasileira.
No seu primeiro mandato, Zema, agora, deve estar atento ao discurso e pronto para levar adiante o que garantiu às ruas quando se apresentou como o novo. Os inéditos 70% de votos são a sua principal garantia, mas as ruas mudam muito rapidamente.

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