FALTOU A REFORMA
Se na edição de domingo a Tribuna mostrou o crescimento do número de filiados, a despeito do viés ideológico – boa parte sequer conhece o programa das legendas -, vale a mesma discussão para os políticos diante da janela partidária, que se abriu no mês passado e vai até o dia 19 deste mês. A migração, que alterou quadros também em Juiz de Fora, ocorreu pelo simples jogo de interesse, que pode até fazer parte do processo, mas que, no fim, aponta para a falta de envolvimento ideológico na hora da filiação.
No Congresso, até a última sexta-feira, cerca de 40 parlamentares já tinham definido outros caminhos. Os números também alcançam as assembleias legislativas e câmaras municipais. As mudanças ocorrem por conveniências, que podem ser simples ou complexas, dependendo das articulações, mas, no fundo, têm a mesma matriz do interesse pessoal.
A reforma política, que poderia resolver todos esses problemas, tornou-se um arremedo, não alcançando pontos vitais, como o excesso de partidos. Muitos deles só ganham relevância em períodos eleitorais, próprios do balcão de negociações visando ao pleito, sobretudo para abrigar candidatos, já que as principais siglas, até por força da própria legislação, não têm espaço para todos os interessados em um mandato.
Tivesse sido aprovada a cláusula de barreira, por exemplo, o cenário poderia ser outro, já que o compromisso ideológico poderia ganhar espaço. Mas essa proposta ficou para trás, quando o texto elaborado pela comissão especial da reforma foi jogado no lixo. E o trágico desse enredo é a absoluta falta de perspectiva de mudanças, com esse ou com o próximo Congresso.