Assistência estudantil
Abrir espaço para a educação pública de qualidade para todos deve ser uma política prioritária em todas as agendas governamentais. E isso passa pela assistência ao maior protagonista das salas de aula: o estudante
Na Tribuna deste domingo, a reportagem de capa trata da importância da assistência estudantil para viabilizar os estudos e a igualdade de oportunidades nas universidades públicas brasileiras, garantindo a permanência dentro destas instituições daqueles que não teriam condições de estudar se não fosse o apoio financeiro. Este apoio é dado, prioritariamente, àqueles vindos da rede pública de educação básica ou àqueles cuja renda familiar per capita é de até um salário mínimo e meio.
A assistência estudantil foi criada somente a partir de 2008 no país para democratizar as condições de permanência dos estudantes na educação superior pública. Visando este objetivo, estão incluídos nas ações de apoio a moradia estudantil, a alimentação, o transporte, o apoio pedagógico, entre muitos outros. Apesar dos avanços, especialistas alertam que ainda há muito o que se fazer para evitar a evasão de estudantes que encontram barreiras no percurso da universidade. Isso porque o benefício, muitas vezes, não chega a todo o contingente que necessita dele.
Em nossa reportagem, fica evidente como tem sido importante a assistência com o depoimento de um jovem universitário beneficiado por esta política pública. Porém fica claro também que, até atingir o ensino superior, o aluno vai encontrando muitas barreiras e, como só pode tentar a assistência estudantil quando já está oficialmente matriculado, há casos de jovens que precisam contar com a ajuda e a boa vontade de quem encontra pelo caminho.
Um jovem calouro ouvido pelo jornal, que vem de outro município, no Sul de Minas, ainda não sabe se conseguirá seguir os estudos no curso de Engenharia Elétrica para o qual foi aprovado, já que não tem como se manter nos primeiros meses em Juiz de Fora. A matrícula foi feita com os recursos e o incentivo dos educadores da escola onde cursou o ensino médio.
Portanto ainda há falhas para democratizar a educação e para minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais até mesmo antes da chegada à universidade. O que o Poder Público tem a fazer por este jovem, que é uma promessa na Engenharia Elétrica, que enfrentou outros milhares de concorrentes e garantiu sua vaga? O que o Poder Público tem a dizer a este jovem? Desista? Quantos talentos são desperdiçados pela falta de apoio e programas antes mesmo da chegada deste jovem até ali?
Criar oportunidades e minimizar as diferenças deve continuar sendo uma aposta dos governos independentemente das legendas partidárias. Abrir espaço para a educação pública de qualidade para todos deve ser uma política prioritária em todas as agendas governamentais. E isso passa pela assistência ao maior protagonista das salas de aula: o estudante.