EFEITO CASCATA
Reunidos em Brasília, os governadores decidiram pressionar o Congresso para derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff que impede o repasse imediato aos estados de recursos arrecadados com o projeto da repatriação. Eles querem ainda mais prazo para pagamento de dívida com a União e, finalmente, indicaram que a reforma tributária é necessária e, para fazê-la, tem que ter o fundo de compensação. Em suma, vão dizer aos parlamentares e até mesmo aos ministros do Supremo, a quem visitaram, que a situação é crítica, não havendo qualquer recurso para investimentos.
A situação se repete nos municípios. Os prefeitos se queixam não apenas da União, mas também dos governadores que não estão fazendo as transferências necessárias e ainda cortaram os investimentos, ainda mais num ano eleitoral em que os chefes de executivos municipais precisam mostrar suas realizações aos eleitores. Trata-se de um efeito cascata que começa no topo da pirâmide, com o Governo Federal também de pires à mão.
Ontem, após ouvir conselhos de vários assessores e até do ex-ministro Delfim Neto, a presidente Dilma Rousseff foi pessoalmente ao Congresso entregar a mensagem presidencial para o período legislativo. Não falou em política, como o pedido de seu próprio impeachment e do afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, focando seu discurso na questão econômica. Como também tem problemas de arrecadação, pediu apoio de deputados e senadores na aprovação do projeto de volta da CPMF.
Se vai conseguir é outra história, pois há um paradoxo: o Governo precisa do dinheiro da contribuição, enquanto o setor produtivo não aguenta outro tributo num cenário de tantos impostos.