Desafios à mesa
Passado o ciclo de campanha e empossados nos seus cargos, o presidente da República e os governadores se deparam, agora, com a pauta que levaram para os palanques
Os governos inaugurados no dia 1º de janeiro apresentaram um ponto em comum. Tanto na instância federal quanto nos estados, pregaram a união com os parlamentos, certos de que, sem apoio do Legislativo, boa parte de suas promessas não irá adiante. No caso do presidente Bolsonaro e no do governador Romeu Zema, que não fizeram qualquer tipo de barganha com a instância política, a alternativa é cobrar comprometimento dos deputados e senadores com as causas necessárias de mudança. Na sua primeira fala, o presidente defendeu os valores que levou para os palanques, como segurança, educação e combate ao viés ideológico da administração.
Em Minas, o empresário Romeu Zema, que para formar seu secretariado fez uma espécie de concurso, começa a ter o choque de realidade deixado pelo seu antecessor Fernando Pimentel. O primeiro passo é acertar os salários, já que nem o 13º salário foi pago no tempo determinado pela legislação. Zema sabe que um funcionalismo insatisfeito é uma fonte imensurável de problemas. Como resolver é o desafio, pois o Estado está tecnicamente quebrado.
Esta situação se replica pelo país afora, o que ficou claro na romaria de governadores na posse de Bolsonaro. Tomaram posse de manhã e viajaram para Brasília para a mudança na Presidência. Certamente, vão pedir apoio de Brasília para solução de suas demandas. Zema não foi, por não achar vaga em voo de carreira, mas, mais cedo ou mais tarde, terá que passar o chapéu com a equipe de Paulo Guedes se quiser salvar as contas do Estado.
Ele está correto em reduzir postos, fazer um Governo austero e sem barganhas, mas sem o apoio federal dificilmente irá criar condições para virar o jogo. A intransigência de Pimentel em recusar recursos do Governo Temer sob o argumento de perder soberania e por este ser “golpista” foi crucial. Quem topou e fez o dever de casa está bem melhor do que Minas, a despeito de ser a segunda maior economia do país.