BARBAS DE MOLHO
O anúncio de que os nomes de cinco testemunhas da operação “Lava jato” são mantidos em sigilo, para não prejudicar as investigações, está tirando o sono de muita gente, ora com as barbas de molho à espera de sua vez. O escândalo da Petrobras já pulou para o sistema elétrico e deve chegar a outras áreas do Estado em função do processo endêmico de corrupção. A Câmara Federal está prestes a abrir a CPI dos fundos de pensão, responsáveis por milhões de recursos de trabalhadores, ora sob suspeita de má aplicação.
A confusão entre público e privado é uma discussão de longa data, e o que ora se apura é resultado de longo tempo de leniência no uso do dinheiro público. São muitas as áreas de sombra que agora estão sendo passadas a limpo, fruto, sobretudo, da ação da Polícia Federal e do Ministério Público, dois órgãos de Estado, desatrelados de Governo. Resta saber como a instância política irá encaminhar a questão sendo ela um dos alvos da suspeita de envolvimento de várias lideranças, algumas delas autênticos “cardeais” do Senado e da Câmara Federal.
Neste salve-se quem puder, a angústia da opinião pública passa pela extensão dos danos. Como a cada dia surge uma denúncia – algumas delas, aliás, sem fundamento -, criou-se um cenário preocupante, embora as instituições tenham se mostrado sólidas. Mas o teste do amadurecimento democrático ainda está em curso, pois não há mais certezas de quem e de quantos estão envolvidos nesse patrimonialismo sem fim.