MORTE DA POLÍTICA


Por Tribuna

02/04/2016 às 07h00- Atualizada 02/04/2016 às 16h48

O flagrante do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso, fazendo considerações não tão positivas sobre o PMDB, aponta para a discussão sobre a privacidade, que já não é mais a mesma. Embora se recomende que os magistrados falem apenas nos autos, ele fazia suas ponderações num ambiente acadêmico, o que, de uma certa forma, lhe permitia ir além do discurso usual de isenção. Mesmo assim, sua revelação provocou ruído nos corredores de Brasília, pois o momento é de tensão ante o desembarque do partido do Governo e a resistência de alguns de seus ministros em seguir a orientação do Comando Nacional.

De acordo com o ministro, a política morreu, pois já não há mais discussões de cunho ideológico. O jogo está sendo feito à base do dinheiro. E há razão para essas observações quando se observa o que ora ocorre na Capital Federal. O PMDB sai da aliança sob o pretexto de convivência, mas já aposta no seu projeto de poder com um eventual mandato de presidente de Michel Temer. Por outro lado, os ministros que ora resistem também se mostram presos aos cargos, embora sejam cobrados a dar mais do que a fidelidade. Na atual conjuntura, precisam ter votos, trazendo de volta eventuais dissidentes para enfrentar o processo de impeachment em debate no Legislativo.

Governos de coalizão não conseguem escapar desse balcão. O que muda apenas são os atores, mas o modelo é o mesmo; e, como não houve uma reforma adequada, pelo menos reduzindo o número de partidos, o custo é cada vez mais alto, pois é preciso barganhar com muitos interlocutores. O problema, porém, é um caminho alternativo. Além da notória falta de lideranças, a política enfrenta, também, a ausência de opções. A ideia de um parlamentarismo é boa no papel, mas, com tantos partidos, nos quais a ideologia é o que menos pesa, o avanço será mínimo. Ademais, as ruas não gostam da ideia. Nas vezes em que foram chamadas a opinar, disseram não.

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