IDAS E VINDAS
Além dos problemas próprios da economia e da relação pouco estável com o Congresso, o Governo, de sua parte, tem dado forte contribuição para o cenário de instabilidade que incomoda a todos. A saída de Michel Temer da coordenação política expôs o lado frágil da estrutura de poder pela falta de interlocutores adequados e de projetos consistentes. Tentando conquistar a opinião pública, o Planalto tem se mostrado um risco para si próprio, pois seus projetos são perecíveis à primeira avaliação.
Na semana passada, a presidente Dilma anunciou a redução do número de ministérios, mas o que seria uma boa notícia, própria para ganhar a atenção da opinião pública, se revelou um problema. Quais ministérios perderão o seu status? Ao que tudo indica, o que era apenas um ensaio chegou às ruas sem uma discussão prévia, especialmente com aqueles que vão perder seus postos. A base aliada e o próprio Partido dos Trabalhadores agora trabalham para garantir seu espaço, criando um problema e tanto para a presidente, que já avisou do corte.
Mas ainda viriam novos desacertos. Também sem discutir com os aliados, e muito menos com o vice-presidente da República, um de seus principais interlocutores, a presidente autorizou o anúncio da volta da CPMF, contribuição que desagrada a todos indistintamente, mas que surgiu como forma de financiar o Governo federal, os estados e os municípios. O esperado apoio dos governadores e dos prefeitos não veio na proporção esperada, e, sem respaldo, a presidente foi levada, ainda no fim de semana, a desistir da ideia.
Por conta dessas idas e vindas, até mesmo os setores que defendem a governabilidade se encontram sem norte, já que a bússola do Planalto conduz o Governo a crises até mesmo onde elas não existem.