Patrimônio dos mineiros
A preocupação, neste momento, é que o futuro da Cemig seja também um futuro melhor para o povo mineiro. E que fique claro que os cidadãos já não aguentam mais pagar as contas de todos os problemas
Em reportagem da Época Negócios, divulgada no site da revista em 26 de fevereiro de 2019, o consultor jurídico da FGV Energia, Gustavo De Marchi, afirma que “a Cemig tem representatividade para Minas que talvez seja equivalente ao que a Petrobras representa para o país”. Portanto há que se tratar a possibilidade de privatização da companhia, aventada ainda durante a campanha do atual governador, Romeu Zema, com toda a atenção e a preocupação que ela merece.
A despeito da crise sem precedentes vivida pelo Estado de Minas Gerais, é preciso lembrar que a companhia energética é um patrimônio dos mineiros. Só a título de comparação, a Cemig é avaliada em R$ 35 bilhões, incluindo as dívidas, enquanto a Companhia Estadual de Energia Elétrica CEEE), que faz a distribuição de energia em parte do Rio Grande do Sul, vale cerca de R$ 3,4 bilhões.
Com tudo o que vale, a Cemig interessa a grande número de empresas transnacionais, as chamadas gigantes globais, que estão de olho em um negócio lucrativo. Mas não é possível errar com o futuro desta companhia. Além disso, encarar esta empreitada será um processo politicamente desafiador para o Governo estadual, como dizem os especialistas. Por parte do Governo federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse que estados em dificuldades poderão obter recursos ao entregar ativos para serem desestatizados com o apoio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Enquanto o mercado internacional está ávido pelos ativos da Cemig, a população mineira segue desconfiada, característica que lhe é muito peculiar. Para o Poder Público, é preciso resolver uma questão imediata que é a falta de recursos nos cofres, enquanto para os mineiros uma das preocupações é o risco de a privatização levar a mais dificuldades nos serviços de atendimentos. Esta preocupação, por exemplo, já aparece em alguns setores cujos serviços da companhia são terceirizados.
Isto é o que mostra reportagem da Tribuna divulgada nessa quinta-feira, em que o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Juiz de Fora ressalta a possível perda de qualidade no atendimento da companhia em alguns setores onde já existe a terceirização do serviço. A matéria mostra que há dois mil pontos sem energia elétrica em Juiz de Fora e região desde a última segunda-feira, quando houve um temporal na cidade, cujos raios atingiram uma subestação.
A situação atinge, particularmente, a Zona Rural, uma região já castigada por falta de muitas políticas públicas. E, ainda de acordo com a matéria, a situação da falta de luz tem sido recorrente. Em uma chuva anterior à desta semana, o proprietário de um sítio em Monte Verde ficou 70 horas sem energia, tendo prejuízo em sua produção.
A preocupação, então, neste momento, é que o futuro da Cemig seja também um futuro melhor para o povo mineiro. E que fique claro que os cidadãos já não aguentam mais pagar as contas de todos os problemas.