IDEOLOGIA EM BAIXA
Embora seja possível celebrar o expressivo número de filiados aos partidos políticos, algumas respostas ainda precisam ser dadas, a começar pelo perfil desses personagens que aderem a programas e projetos com o fim único de promover mudanças. Mas será mesmo? Os cientistas políticos ouvidos pela Tribuna na edição de domingo, quando foram convidados a avaliar esse cenário, fizeram considerações importantes, mas pouco investiram nesse viés, passando perto quando apresentaram a curva ascendente às vésperas de eleições.
Mas, ainda assim, há um problema. Boa parte desses filiados não tem a menor ideia do que sua legenda propõe, tendo aderido apenas por força de outros militantes ou até mesmo de candidatos. Com raras exceções, não há envolvimento ideológico. Nos vários exemplos do dia a dia, é possível ver a luta interna das lideranças, sobretudo quando há disputas internas pelo controle dos diretórios, em buscar adesões. Recentemente, o enfrentamento no ninho tucano foi parar na Justiça, mas há outros exemplos.
O lado positivo da adesão aos partidos acaba ofuscado pela forma como essa mobilização é feita e pelos próprios dados das recentes manifestações. A maioria delas, em junho de 2013, foi realizada sem os partidos, numa rejeição expressa, definida, principalmente, pelos movimentos sociais.
É fato que a política é, ainda, a melhor via para se fazerem mudanças, mas o modo como os partidos operam é discutível. O Congresso é a face exposta desse estilo ao ser a arena de interesses, muitos deles pouco republicanos, e muitos outros voltados apenas para o jogo interno, sem qualquer compromisso com as ruas ou até mesmo com os seus filiados.