Será que vai funcionar?
“A rejeição atual do presidente, detectadas em pesquisas, precisa ser analisada com mais calma e profissionalismo, sem paixões”
Vai funcionar? Esta é a grande questão que Lula vai precisar de tempo, que não tem muito para saber. Reduzir rejeição com lançamento ou reforço em programas sociais foi tática que deu certo com Lula em alguns momentos cruciais.
O lançamento do Bolsa Família, por exemplo, salvou o primeiro governo do petista e deu a ele mais um mandato e tempo para incrementar outros projetos que lhe permitiram eleger Dilma e manter apoio popular para enfrentar avalanches de denúncias que, diga-se de passagem, não foram comprovadas, mas agora, no terceiro mandato voltar à velha tática, como parece querer o presidente e seus assessores, trará os resultados esperados?
Os sinais são de que não. A rejeição atual do presidente, detectadas em pesquisas, precisa ser analisada com mais calma e profissionalismo, sem paixões. Buscar explicações para ela num momento em que o país vive uma situação rara em sua história, de quase pleno emprego. De aumento de renda do trabalhador. De inflação sim, mas não em níveis que sequer se aproximam dos já vividos aqui e que foram vencidos lá atrás, com o Plano Real. A inflação atual, com foco em especial nos alimentos, não é problema suficiente para um estrago tão grande na imagem do presidente.
Há sim uma ação orquestrada para desmoralizar o governo já visando as eleições de 2.026. Nada fora da rotina da política. A tática de queimar o inimigo é milenar e Lula a conhece muito bem pois fez muito uso dela. O fato novo agora é que tem faltado ao presidente defesa, capacidade de dar o troco nos adversários.
Lula não tem mais a banda do PT em sua defesa. Seu partido, à semelhança do PSDB, acabou. A diferença é que ele, não o partido, está no poder e os tucanos fora. Os apoios que têm são frágeis. O PT dos primeiros mandatos de Lula era uma verdadeira seita, com força e vibração para enfrentar os inimigos. Hoje falta ao presidente esta força para enfrentar outra seita, a dos evangélicos, que comandam a oposição em defesa da candidatura de Bolsonaro.
Como reverter este quadro? Certamente não será com programas sociais que de saudados com efusão, hoje são criticados com força, acusados, entre outras coisas, de causar falta de mão de obra no país com a acomodação de seus beneficiários. Se deseja mesmo um novo mandato, ou melhore sua imagem para fazer o sucessor, Lula precisa agir logo atacando os verdadeiros problemas nacionais.
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