Decisão judicial impõe multa e bloqueio de R$ 2 milhões à mineradora por danos ambientais na Serra do Lenheiro

Área é uma Unidade de Conservação localizada em em São João del-Rei


Por Tribuna

19/08/2025 às 10h55

Serra do Lenheiro Sao Joao del Rei Clarissa barcante Arquivo ALMG
Serra carrega parte da história de São João del-Rei, com pinturas rupestres e registros da religiosidade e da ocupação local (Foto: Clarissa Barçante/ Arquivo ALMG)

A Justiça acatou um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e determinou, em caráter liminar, a suspensão de qualquer atividade de lavra ou intervenção na Serra do Lenheiro, em São João del-Rei, pela Mineração Nossa Senhora do Amparo e pelo próprio município, sem a devida autorização dos órgãos competentes. A decisão busca a reparação integral de danos ambientais e culturais em uma área que é tombada como patrimônio natural e cultural, além de ser uma Unidade de Conservação municipal de proteção integral. 

A medida judicial estabelece ainda a obrigação de elaborar e executar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), a instalação de sinalização para alertar sobre a proibição e o custeio de monitoramento ambiental contínuo por um período mínimo de cinco anos. 

A Ação Civil Pública foi movida pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural de São João del-Rei. O objetivo é responsabilizar a empresa de mineração e o município pelos estragos causados na serra. De acordo com a ação, a Mineração Nossa Senhora do Amparo realizou extração mineral sem apresentar ou implementar um Prad e negligenciou medidas essenciais de contenção, remediação e monitoramento ambiental. 

Um Inquérito Civil, que fundamentou a ação, foi instruído com laudos técnicos, documentos cartográficos, fotografias e registros de vistorias, que comprovaram um “significativo passivo ambiental”. Dentre as irregularidades apontadas estão construções abandonadas, vestígios de atividades de mineração sem controle de impactos, disposição inadequada de resíduos sólidos e rejeitos, processos erosivos, degradação do solo, supressão de vegetação nativa sem autorização e o risco de assoreamento de cursos d’água, comprometendo o lençol freático. 

Um parecer técnico da Central de Apoio Técnico do MPMG ressaltou que os danos ambientais são cumulativos e tendem a se agravar com o tempo, diante da omissão da mineradora em promover a recuperação e da inércia do município em sua função de fiscalizar. Além disso, o Núcleo de Geoprocessamento do MPMG confirmou que a área explorada pela empresa está integralmente sobreposta ao perímetro de preservação definido pelo Decreto Municipal 10.169/2022. 

Como parte da decisão, a 1ª Vara Cível da Comarca de São João del-Rei determinou o bloqueio de até R$ 10 mil para cada obrigação que for descumprida. 

A Serra do Lenheiro é uma importante formação de quartzito que compõe um significativo conjunto paisagístico e cultural para a região. Além de ser protegida por um tombamento municipal desde 1988, a área possui sítios arqueológicos e um vasto patrimônio imaterial. 

A reportagem entrou em contato com a empresa e aguarda o retorno.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.