Câmara de Muriaé cassa mandato de vereador afastado e preso
Carlos Delfim (PDT), denunciado por associação criminosa e lavagem de dinheiro, foi detido durante operação do MPMG
A Câmara Municipal de Muriaé decidiu pela cassação do mandato do vereador Carlos Delfim (PDT), de 41 anos, investigado por concussão, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele está preso preventivamente desde o dia 19 de abril, após a quinta fase da operação Catarse, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Geais (MPMG). A sessão de julgamento do relatório apresentado pelo parlamentar Ciso (PL), relator da comissão processante, começou por volta das 18h de quarta-feira (17).
De acordo com informações do Legislativo, todos os vereadores compareceram ao plenário, mas nenhum representante legal do vereador afastado esteve presente. A votação teve início após a leitura dos documentos solicitados pelo presidente da comissão, o parlamentar Celsinho (PSD). “Os vereadores puderam justificar seus posicionamentos e votaram duas vezes. A primeira, pela falta de decoro, e a segunda, por corrupção e improbidade administrativa. Todos votaram a favor da cassação do mandato nos dois itens”, detalhou a Câmara.
Conforme o Legislativo, Carlos Delfim já havia sido preso na operação Catarse em novembro de 2021, quando foi afastado do cargo. Desde então, esse foi o segundo pedido de cassação votado. “O primeiro, efetuado por meio da representação de uma advogada de Muriaé, teve parecer contrário e não chegou a ser votado por ultrapassar os prazos regimentais.” Já a representação votada na última quarta foi de autoria do vereador suplente em exercício, Reginaldo Roriz (PDT).
Operação Catarse
Carlos Delfim e mais três envolvidos foram denunciados no dia 13 de fevereiro pelo MPMG pela prática de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Na ocasião, foi requerida e posteriormente decretada a prisão preventiva do agente político, segundo destacou o promotor de Justiça Breno Costa da Silva Coelho, à frente do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), regional Zona da Mata.
No dia 18 de abril foi realizada a operação Catarse V, para o cumprimento de 18 mandados judiciais no município de Muriaé, sendo um mandado de prisão preventiva, seis mandados de busca e apreensão, cinco mandados de indisponibilidade de bens e seis mandados cautelares de proibição de contratação com a Administração Pública. O vereador não foi encontrado pela polícia naquela data, mas acabou detido no dia seguinte, em ação conjunta com a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Muriaé e as polícias Militar e Civil.
“Segundo as investigações, verificou-se que o vereador, que já ocupou a presidência da Câmara Municipal de Muriaé, sistematicamente, agiu e age no sentido deliberado de ocultar e dissimular a propriedade de veículos, empresas, imóveis, máquinas, gados e dinheiro pertencentes a ele. Para concretizar o seu recorrente plano criminoso, conforme apurado, o agente político se vale de, pelo menos, três pessoas de sua mais alta confiança”, destacou o MPMG à época. De acordo com o promotor, foram indisponibilizados naquela fase da operação Catarse bens no valor aproximado de R$ 1.953.040.
Segundo informações da Câmara Municipal de Muriaé, Carlos Delfim foi eleito pela primeira vez em 2012, com 1.262 votos. “Devido à sua representatividade, foi o vereador mais bem votado nas Eleições 2016, com 1.652 votos. Em 2020, candidatou-se novamente, obtendo a marca de 1.626 votos.” Em 2017, ele assumiu a presidência da Casa Legislativa, por meio de regra do regimento interno, a qual determina que o vereador mais votado do município assuma a presidência do primeiro ano após as eleições. Em 2020, ele assumiu o cargo pela segunda vez, após a chapa que encabeçou ser a mais votada em plenário pelos vereadores da Casa.