Comunidade reivindica melhorias em estrada de Ibitipoca
Após manifestação, Prefeitura de Lima Duarte deslocou as máquinas para a rodovia. Chefe do Executivo municipal ressalta, porém, que manutenção deveria ser feita pelo Estado
Em meio aos impasses entre a Prefeitura de Lima Duarte e o Estado de Minas Gerais a respeito da administração da LMG-871 — estrada responsável por ligar Lima Duarte ao distrito de Conceição de Ibitipoca —, os moradores do arraial reivindicam intervenções na rodovia estadual. Como relatado em março último pela Tribuna, em razão de períodos de frequentes precipitações, o tráfego na via se dá em más condições, prejudicado por buracos, mato alto, estruturas de pontes deficientes e, também, bueiros tapados. Devido às chuvas das últimas semanas, as condições precárias da LMG-871 desembocaram em novas manifestações locais. Desde segunda-feira (12), a rodovia recebe cargas de saibro e máquinas motoniveladoras em manutenção da Prefeitura de Lima Duarte; as operações continuarão até esta quinta (15) e serão retomadas na próxima semana. A preocupação é crescente também diante da expectativa de maior movimento de veículos para Ibitipoca em função deste feriado de 15 de novembro.
“Há 20 dias a estrada está péssima. A Prefeitura só passa as máquinas e vai embora. Hoje (12), ela está colocando saibro. O calçamento, por exemplo, foi feito com sete metros de largura. Hoje, nós temos lugares com cinco metros e até quatro. No quilômetro 19, são apenas quatro metros. Tem uma ponte em que só passa um carro e uma moto. Além disso, o mato tomou conta dos bueiros; você não vê mais bueiro na estrada”, contesta o comerciante José Nilton Santos Aguiar, que mora à beira da estrada, em Laranjeiras, na altura do km 10. Dentre, aproximadamente, 30 quilômetros da LMG-871, 13 são calçados; o trecho entre os quilômetros 14 e 27. “O material que nós temos é o saibro, e ele contém argila. Não adianta jogarmos o saibro com a chuva. Tínhamos que esperar o sol. Nós estamos agora ensaibrando a estrada e consertando os pontos que estão ruins. Estrada de chão é assim mesmo, não tem como você mantê-la totalmente perfeita porque há irregularidades, partes mais úmidas, etc.”, explica o prefeito Geraldo Gomes de Souza (PMN), cujo atual mandato à frente da Prefeitura de Lima Duarte é o seu terceiro. Também foi chefe do Executivo entre 2005 e 2012. À época do calçamento, cumpria o segundo mandato.
Além do comerciante José Nilton — que foi vereador de Lima Duarte, pelo PP, entre 2008 e 2012 —, 15 outras pessoas mobilizaram-se, entre 9h30 e 16h, na altura do km 9, para reivindicar intervenções mais eficazes da Prefeitura na rodovia. “A gente não gostaria que o Estado trabalhasse com intervenções paliativas”, ressalta o comerciante. “Nós recolhemos 500 assinaturas (na manifestação). A gente parava os carros, todo mundo assinava, e a gente liberava. A gente não fechou a via. Mas colocamos que, se eles não arrumassem até quinta, a gente iria parar de novo; de uma vez. Não subiria ninguém. A gente iria simplesmente parar a via.” As assinaturas continuarão a ser recolhidas, e a intenção de José Nilton é levar o abaixo-assinado, em 2019, ao governador eleito Romeu Zema (Novo).
Conforme Gomes de Souza, as manutenções da Prefeitura são esporádicas, “quando necessárias”, em razão das limitações financeiras do Executivo. “Às vezes de 15 em 15 dias, às vezes de 30 em 30 dias. Depende muito do estado da estrada. Como o Estado está quebrado, não tem dinheiro e não está vindo aqui, a gente está dando uma mão para ajudar. A manutenção que nós fazemos periodicamente é por conta da Prefeitura. Eu não tenho o custo real, mas não é barata. Você gasta, mais ou menos, uns 200 caminhões de saibro a R$ 200 cada; dá, aproximadamente, R$ 40 mil.” José Nilton compreende que o calçamento da rodovia é a solução para os problemas decorrentes das precipitações. “Eu gostaria que o prefeito tivesse o compromisso de fazer o que tem que ser feito, não esperar que o povo fique alarmando, gritando, brigando em redes sociais etc. É isso o que gostaria. E a respeito do calçamento, que cada prefeito tivesse o compromisso de calçar ao menos quatro, cinco quilômetros.”
Convênio com o DEER
Em 21 de fevereiro último, o prefeito Geraldo Gomes de Souza (PMN) firmou, junto ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DEER) do Estado de Minas, convênio — 30.017/2017 — para a “administração e manutenção do trecho da rodovia LMG-871, entre a Rua Estêvão Cândido, Bairro Beira Rio, até a portaria do Parque Estadual de Conceição de Ibitipoca, ao longo de seus 27km de extensão”. Até 12 de abril de 2019, a administração e a manutenção da estrada estarão delegadas ao Município de Lima Duarte. A assessoria de comunicação do DEER confirmou que “a responsabilidade pelo trecho permanece com a Prefeitura de Lima Duarte”, além de informar que o convênio “pode ser prorrogado”. Segundo Gomes de Souza, a Prefeitura não recebia repasses do Estado para a administração da rodovia antes da assinatura do convênio; entretanto, também não recebe agora.
“Quando o convênio terminar, nós vamos sentar com o Governo do Estado de Minas para tentar algum repasse, porque eles não dão nada. Só levam. Eles recebem o dinheiro das entradas do Parque Estadual e não fazem nada em troca pela estrada”, projeta o prefeito de Lima Duarte. Prevista também no convênio está a “execução de pavimentação com blocos intertravados de concreto de um trecho de aproximadamente 152 metros de extensão, próximo ao Arraial de Conceição de Ibitipoca”; conforme o prefeito, “nós estamos calçando o trecho atualmente, antes da Fazenda do Engenho”. Não há previsão para o término. “Nós firmamos o convênio realmente por causa da população de Ibitipoca, mas quero esclarecer muito bem. que não é obrigação da Prefeitura fazer manutenção na estrada de Ibitipoca”, afirma Gomes de Souza.