Operação Laranja Podre: crimes contra a administração pública na Zona da Mata são investigados

Entre os alvos da Operação Laranja Podre, em Laranjal, estão o secretário municipal de Agricultura da cidade e uma secretária de Gabinete


Por Elisabetta Mazocoli

10/09/2024 às 12h39- Atualizada 10/09/2024 às 12h44

A Operação Laranja Podre, deflagrada nos municípios de Laranjal e Muriaé, na Zona da Mata, investiga crimes contra a administração pública. A ação teve início na manhã desta terça-feira (10), quando foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, sendo quatro deles em Laranjal e um no distrito de Bom Jesus da Cachoeira. Entre os alvos da investigação estão o secretário municipal de Agricultura da cidade e uma secretária de Gabinete. A operação foi desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com apoio das Polícias Civil e Militar. Após o cumprimento dos mandados, a apuração seguirá em andamento.

A operação foi realizada nas residências dos investigados, na Prefeitura Municipal de Laranjal e no galpão utilizado pela Secretaria Municipal de Agricultura, com objetivo de reunir elementos de informação para auxiliar nas investigações. A apuração da Operação Laranja Podre começou com elementos colhidos na Operação Cartase, que teve início em 2021 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na regional Visconde do Rio Branco, ao investigar um vereador de Muriaé. Na ocasião, foram investigados vários alvos envolvidos com a administração pública, até que foram extraídas informações de um aparelho celular do vereador que apresentavam pagamentos feitos a agentes públicos da Prefeitura de Laranjal.

A partir dessas transferências, foi instaurada uma investigação específica para entender a participação de outros agentes. No momento, está documentada pelo MPMG a suspeita de que, durante o segundo semestre de 2021, o então vereador forneceu, através de uma empresa em nome da esposa (uma possível ‘laranja’) e via convênio com a Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Pomba (Amerp), maquinário pesado para a Prefeitura de Laranjal.

Saiba mais sobre o foco de investigação

O Ministério Público também investiga se, além da possível empresa em nome de “laranja”, o ex-vereador faria emendas sobre a execução dos trabalhos da empresa ao secretário municipal de Agricultura de Laranjal, que é alvo da operação desta terça-feira. O ex-parlamentar teria feito uma transferência bancária para o secretário, também investigado, usando a chave Pix com nome da filha do agente público.

Também há indícios de que o ex-vereador conversava diretamente com a secretária de gabinete do prefeito de Laranjal, outro alvo da Operação Laranja Podre, para fazer com que o Município realizasse os pagamentos referentes ao serviço prestado pela empresa. Durante essa conversa e depois de pedir que a Prefeitura fizesse o pagamento, o ex-vereador também teria feito transferências de valores diretamente para a conta bancária da secretária de gabinete.

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), se os indícios preliminares forem confirmados, os envolvidos podem ser denunciados por crimes contra a administração pública, como corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa e prevaricação.

A Tribuna demandou um posicionamento à Prefeitura de Laranjal e aguarda retorno. O espaço está aberto a manifestações.

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