Charlles Evangelista quer zerar cirurgias eletivas e defende guarda armada, escolas cívico-militares e radares ‘educativos’
Candidato do PL à Prefeitura de Juiz de Fora trata também de relação com esferas estadual e federal, economia e terceira idade, em primeira da série de entrevistas
Charlles Evangelista (PL) foi o primeiro dos seis candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora entrevistados pela Rede Tribuna, nesta terça-feira (3), em ordem definida por sorteio. Ao longo de uma hora, o candidato respondeu perguntas relacionadas ao próprio plano de governo, principalmente nas temáticas de saúde, segurança, educação e transporte, além de uma pergunta do concorrente Júlio Delgado (MDB).
Charlles reitera que tem uma relação muito próxima com o governador Romeu Zema (Novo), “de amizade”, mesmo que o apoio dele seja direcionado a Ione Barbosa (Avante): “Falo com o governador constantemente, agora, política, a gente sabe… Tem a questão do Partido Novo local. Nós tivemos várias conversas, me pediram algumas coisas que eu não consegui atender”.
Saúde
Com este relacionamento, conta que questionou Zema imediatamente após saber da desistência do Estado pelas obras do Hospital Regional, mas não julga e apoia a decisão, quando se coloca a vida das pessoas em risco, sem ter dúvidas de que é uma perda muito grande para a população. “Ele falou: ‘Tem decisão que nós tomamos que não é o que a gente queria. (…) Não dá para colocar concreto num lugar que vai cair'”, relata, sobre o “problemão que ficou para o próximo prefeito”, sobre o qual “vai ter que ser tomada uma atitude muito grande”.
Na saúde, declarada como prioridade por Charlles, um dos planos é zerar a fila de milhares de cirurgias eletivas no prazo de um ano, por meio de parcerias com prestadores de serviços e negociações em mutirão. Ele também pretende criar a Casa do Autista e os hospitais da mulher e da criança. A verba para isso, segundo o candidato, será obtida por meio do reequilíbrio de contas, parando de gastar com “um monte de bobagem”, que cita: “Pinta HPS do lado de fora para dar cara de esquerda na cidade, prédio da Prefeitura, gasta-se uma fortuna comprando arroz do MST pelo dobro do preço, coloca um monte de gente dançando pelada no Parque Halfeld por conta de ideologia política…”. Ele também planeja buscar recursos através das bancadas do PL no Senado e na Câmara e por meio dos relacionamentos em Brasília: “Eu não vou ter problema nenhum em sentar com o Governo federal, não quero saber se é Governo de direita ou de esquerda”.
“Eu não vou ter problema nenhum em sentar com o Governo federal, não quero saber se é Governo de direita ou de esquerda”
Segurança
Também no primeiro ano de gestão, se eleito, o candidato promete abrir 300 vagas no primeiro ano de mandato para a Guarda Municipal, que será armada, com “papel, preferencialmente, de polícia municipal”. Ele reconhece a segurança como dever do Estado, mas responsabilidade de todos, e o efetivo militar cada vez mais diminuindo. “Sem sombra de dúvidas vamos pedir recursos ao governador, mas não vamos cruzar os braços se ele não ajudar”, explica, sobre como a relação poderia ajudar, em mais um tema.
Fazem parte também dos planos para a guarda ocupar postos policiais fechados, criar a Ronda Ostensiva nos Bairros (ROB), e aumentar o número de guardas no Centro. Ele cita, ainda, a implementação do programa Olho Vivo nas Zonas Norte e Leste, e no bairro Grama: “Tudo que foi feito e deu certo nessa gestão – não é só crítica, algumas coisas foram feitas também que deram certo -, não vamos recuar, vamos manter e ampliar.”
Transporte
Com o mesmo raciocínio, Charlles se compromete a manter os ônibus gratuitos aos domingos e feriados, no eventual mandato, além de melhorar o preço, voltar com as pinturas dos coletivos de cada setor e fazer com que as pessoas se interessem por andar em ônibus com ar condicionado e wi-fi. Tudo isso seria realizado “acabando com o monopólio do transporte público”.
Outro projeto do candidato para a mobilidade urbana é acabar com os radares “punitivos” e transformá-los em “educativos”, revendo as velocidades delimitadas atualmente e sinalizando melhor os equipamentos. “Em Juiz de Fora, está começando a acontecer muito: o pedestre chega, coloca o pé na faixa, grande parte dos motoristas já estão educados e param. Não teve multa para educá-los, foi acontecendo naturalmente com conscientização. É isso que nós vamos fazer com o radar também”, explica.
Ele também idealiza um sonho antigo de fazer uma ciclovia do Bairro Araújo até a Vila Ideal e afirma que já existe um projeto entregue pela MRS. Tratada como uma das prioridades, o candidato explica que a fonte de renda também seria buscada no Senado, na Câmara, no Governo federal ou no estadual.
Educação
O primeiro ponto na temática educacional, no plano de governo apresentado, é a implementação de escolas cívico-militares. Questionado sobre a desaprovação à militarização das escolas, relatada pelo ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Otaviano Helene, a resposta foi de que, “no mínimo, ele não tem conhecimento do que está falando”.
“Não é a militarização das escolas, nós não queremos militarizar o ensino em Juiz de Fora. Nós queremos criar mais uma opção para as mães e para as crianças que sonham em estudar numa escola cívico-militar. Vamos continuar com as escolas públicas municipais.” Ele afirma que não há viés ideológico nenhum no modelo: “Tratar disciplina, hierarquia, respeito às pessoas, civismo e amor à pátria não é ideológico. Quem é contra o civismo e amor à pátria deveria morar em Cuba ou na Venezuela, que lá que trabalha desse jeito”.
Outra promessa é a criação de oito novas creches em áreas de grande movimento comercial. Os locais para as construções ainda serão buscados e será realizado um estudo. Já o número é determinado “com relação às crianças que estão amontoadas dentro de muitas creches – não são todas, tem creches que estão bem cuidadas”. “Infelizmente, o programa de zerar a fila para mostrar para a população em época eleitoral causou um sério problema.”
Pergunta do concorrente
Questionado por Júlio Delgado (MDB), último candidato que será entrevistado, sobre as propostas para a inclusão dos idosos na prestação de serviços e a melhoria na qualidade de vida da terceira idade, Charlles reconhece o tema como uma preocupação da cidade. Se eleito, a questão, afirma, será resolvida com a criação de um banco de empregos e capacitação dos idosos, utilizando a Prefeitura como elo com as empresas privadas, além de ações sociais para ocupar o tempo dos idosos.
O candidato também falou sobre um “consórcio forte de prefeitos”, criando o Cinturão de Desenvolvimento Econômico da Zona da Mata (CDEZOM); sobre a lei da liberdade econômica, com aprovação tácita de projetos protocolados na Prefeitura não respondidos dentro de um prazo determinado; o projeto “Mão Amiga e Pulso Firme”, para “tratar com carinho, amor e respeito as pessoas em situação de rua, que não poderão ficar nas ruas”; e a visão “muito liberal” a nível de gestão.
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