Juiz de Fora mantém boa gestão fiscal, mas cai em gastos com pessoal, aponta Firjan
Município supera médias nacional e estadual no índice da Firjan, com avanços em investimentos e estabilidade na autonomia, mas vê recuo em despesas com servidores
Juiz de Fora manteve uma boa avaliação na gestão fiscal, segundo o mais recente Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), baseado em dados do exercício de 2024. O município apresentou avanço nos investimentos e continua com autonomia e liquidez em níveis de excelência, mas registrou queda na avaliação dos gastos com pessoal, que passou para a faixa considerada de “dificuldade”. O levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) é elaborado a partir de dados declarados pelas prefeituras e avalia a qualidade da gestão fiscal dos municípios brasileiros em quatro indicadores: Autonomia, Gastos com Pessoal, Investimentos e Liquidez – todos com o mesmo peso no cálculo do índice geral, que varia de 0 a 1.
No município, o índice de Autonomia alcançou a pontuação máxima de 1, indicando capacidade total de financiar sua estrutura administrativa. A Liquidez, que mede o cumprimento das obrigações financeiras, passou de 1 para 0,9042, ainda considerada excelente. Nos Investimentos, o município registrou melhora, subindo para 0,6383, o que representa gestão “boa” após nove anos em situação “crítica”. Já nos Gastos com Pessoal, a cidade caiu da faixa “boa” para “em dificuldade”, com 0,5244 ponto.
O IFGF geral de Juiz de Fora, com ano-base 2024, é de 0,7667, enquadrado como “boa gestão”. O resultado coloca o município na 271ª posição no ranking estadual e na 1.522ª no nacional, entre 5.129 cidades avaliadas. Entre as cinco maiores cidades de Minas Gerais, Juiz de Fora está à frente apenas de Uberlândia, que ocupa a 438ª posição no estado. Belo Horizonte aparece em 193º, Contagem em 34º e Montes Claros em 45º.
O desempenho local supera tanto a média nacional (0,6531) quanto a estadual (0,7024). Em nota, a Firjan reforçou que os municípios precisam ampliar a geração de receitas próprias para reduzir a dependência de repasses e vulnerabilidade a oscilações econômicas. “Assim, além de não ficarem tão vulneráveis aos ciclos econômicos, darão oportunidades para a população, com melhoria da renda e da qualidade de vida”, destacou o presidente da entidade, Luiz Césio Caetano. Ele alertou ainda que o cenário positivo atual é reflexo dos resultados econômicos recentes e do aumento de repasses, situação que “pode não se repetir em outros momentos”.
Especialista vê desempenho mediano e defende mais investimentos
O bacharel em Administração Pública e pós-graduado em Gestão Pública Municipal pela UFJF, Luciano Ferreira Lopes, avalia que Juiz de Fora está apenas na média, mas que o município poderia apresentar desempenho superior. “Um município igual Juiz de Fora não é para estar na média. A colocação demonstrada pela Firjan não reflete, na minha concepção, o que Juiz de Fora deveria ser. A cidade possui várias demandas naturais fortíssimas que dá para transformar em êxito administrativo”, afirmou.
Ele lembrou que, segundo o IBGE, a renda per capita da cidade era de R$ 35 mil em 2021. “Em que pese a concentração de renda, é uma boa renda per capita, o que demonstra números um pouco aquém do que deveria ser. Não está legal, pelo porte de Juiz de Fora e pelos recursos que tem.” Lopes destacou ainda os bons resultados em Liquidez e Autonomia, mas apontou a necessidade de fortalecer os investimentos. “A cidade é polo, tem uma malha urbana muito interessante. É preciso identificar o que houve com Juiz de Fora para que não esteja com níveis excelentes de investimento.”
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora informou “que mantém absoluto controle de suas despesas, e que mais uma vez cumprirá com todos os limites fiscais impostos pela legislação”.
Confira os índices desde 2013:














