Disputa por PJF movimenta bastidores da política
Ainda não há candidaturas definidas, mas especulações apontam possíveis nomes para as eleições municipais de 2020
A um ano das eleições municipais de 2020, que acontecem em outubro do ano que vem, os bastidores da política juiz-forana se mostram permanentemente movimentados e quadros políticos diversos trabalham para viabilizar seus projetos na disputa pela sucessão do prefeito Antônio Almas (PSDB). O próprio tucano, inclusive, pode tentar a reeleição para a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Até aqui, não há candidaturas definidas, até por conta das regras eleitorais, mas alguns quadros já tiveram, inclusive, seus nomes testados em pesquisas de opinião.
Ainda no campos das especulações, além de Almas, candidatos que tentaram sem sucesso chegar à Câmara nas eleições de 2016, que foi vencida pelo ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB) – o emedebista renunciou o mandato em abril do ano passado -, podem voltar ao páreo. Entre eles, os nomes mais cotados são os da deputada federal Margarida Salomão (PT), que já disputou a Prefeitura em 2008, 2012 e 2016, chegando sempre ao segundo turno; o do deputado estadual Noraldino Júnior (PSC), terceiro colocado no último pleito; e o do empresário Wilson Rezende (PSB), do Grupo Rezato, quarto colocado no processo eleitoral realizado há três anos.
Há, porém, especulações em torno de novos nomes. Um dos que têm mostrado maior potencial em pesquisas de opinião realizadas internamente por partidos e institutos de pesquisa é o da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), que obteve bons desempenhos eleitorais nas eleições de 2016 e de 2018, quando foi a mais votada na cidade para os cargos de vereadora e de parlamentar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O crescimento vertiginoso do partido nas eleições do ano passado, à reboque do triunfo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), porém, deixa em aberto outras possibilidades. Especulações ainda dão conta de uma possível candidatura do deputado federal Charlles Evangelista à PJF.
Recentemente, a imprensa nacional especulou que o próprio Bolsonaro teria sinalizado a intenção de atrair o presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, para as hostes do PSL. O intuito seria o de lançar como candidato a prefeito o responsável pela unidade que fez os primeiros socorros ao presidente após o atentado sofrido em 6 de setembro do ano passado, quando o então candidato fazia ato de campanha na cidade. Atualmente, Renato Loures é filiado ao PDT.
Com relação ao PDT, consulta recente realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas colocou entre possíveis postulantes à PJF o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sebastião Helvécio, que já disputou o Poder Executivo juiz-forano nas eleições de 2004, ficando na terceira colocação em pleito vencido pelo ex-prefeito Alberto Bejani.
Outros partidos se movimentam para construção de possíveis nomes
Após o bom resultado na disputa pelo Governo de Minas em 2018, quando elegeu seu primeiro quadro para uma cadeira do Poder Executivo – o governador Romeu Zema -, o Partido Novo também se movimenta para viabilizar uma candidatura à Prefeitura de Juiz de Fora. Ainda não há um nome específico sendo trabalhado. Isto porque, por regramentos estatutários, a sigla realiza um processo seletivo para a definição de candidatos a cargos majoritários e proporcionais, como os postulantes a cadeiras na Câmara Municipal nas eleições do ano que vem.
Assim, as lideranças do Novo na cidade não comentam abertamente sobre nomes. Até aqui, há informações de que representantes da sigla já fizeram reiterados convites ao empresário Renato Machado, que é filiado à agremiação partidária, para que participe do processo de seleção. Porém, até aqui, ele tem se mostrado avesso à possibilidade. Assim, um nome que tem ganhado força é o do presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora, Tadeu Monteiro de Barros.
Segundo fontes próximas à legenda, Tadeu inclusive já se inscreveu no processo seletivo interno do Novo, de olho na indicação para a vaga de candidato à PJF. Recentemente, ele teve seu nome cotado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas do Governo de Romeu Zema.
Entre os partidos que disputaram as eleições de 2016, o PSOL, que lançou Maria Ângela, e o PSTU, que concorreu com Victória Mello, estão em fase de deliberação interna para a definição de possíveis nomes para a sucessão do prefeito Antônio Almas. Já o deputado federal Lafayette Andrada (PRB), que há três anos tentou chegar ao Poder Executivo municipal pelo PSD, não deve voltar à disputa no ano que vem.
Novas regras podem multiplicar candidaturas
A partir das eleições de 2020, passam a valer um conjunto de novas regras eleitorais. Uma delas, em específico, é vista como um fator que pode aumentar o número de candidatos às prefeituras no processo eletivo. Trata-se de norma aprovada na reforma eleitoral de 2017 e que proíbe que os partidos façam composições com outras legendas para a disputa de cadeiras proporcionais, as chamadas coligações. No caso específico do próximo pleito, a proibição incidirá nas chapas formadas pelas siglas para tentar garantir mandatos nas câmaras municipais, em que cada partido deverá se aventurar isoladamente na disputa.
Entre vários especialistas, há o entendimento de que a nova norma pode ter como efeito colateral um aumento das candidaturas majoritárias, em tentativa de potencializar a votação de cada sigla na contenda por vagas nos parlamentos municipais. “Esta pode ser uma tendência”, avalia o cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perlatto.

“Os primeiros turnos podem ser marcados pelo aumento do número de candidatos nos cargos majoritários, pois pode haver uma pressão dentro dos próprios partidos por estas candidaturas, a fim de dar maior visibilidade para a legenda na disputa proporcional e puxar mais votos para a chapa de candidatos a vereador. Mas tudo depende de como o processo será conduzido. Desde que exista tempo passível para o debate e para que os candidatos coloquem suas ideias e propostas à população, não vejo isto necessariamente como negativo. Até porque deveremos ter um segundo turno em que os projetos ficarão mais claros, e os candidatos derrotados também poderão se posicionar”, pontua Perlatto.

Também cientista político ligado à UFJF, Rubem Barboza também avalia que o fim das coligações nas eleições proporcionais pode resultar em um aumento no número de candidaturas majoritárias. “Do ponto de vista eleitoral, pode acontecer que alguns partidos lancem candidatos a prefeito para aumentar a possibilidade de votos na chapa de candidatos nas eleições proporcionais.” Por outro lado, o especialista avalia que a mudança pode resultar em outro fenômeno, com a diminuição do número de partidos representados nas casas legislativas país afora. “Essa impossibilidade de alianças deve resultar, na prática, na redução do número de partidos nas casas legislativas. Teremos mais gente disputando, porém, menos partidos presentes nas câmaras municipais a partir de 2021. O mesmo deve acontecer a partir de 2023 na Câmara dos Deputados e nas assembleias.”
Para Fernando Perlatto, a redução de tal representatividade pode se mostrar benéfica. “A ideia do fim das coligações proporcionais tem suas vantagens. É uma proposta meritória de forma a fazer com que se evite determinadas alianças montadas exclusivamente para a busca de tempo de televisão, por exemplo.” O cientista político avalia ainda que a regra anterior favorecia a criação de partidos sem qualquer tipo de identidade política. “Fazia com que o sistema proporcional, que é uma ideia interessante, acabasse deturpado. O princípio é interessante, mas as coligações, algumas vezes, acabavam deturpando este objetivo, puxando, muitas vezes, pessoas às quais o leitor não tinha o conhecimento de que estava votando. Vai ter um efeito benéfico a médio prazo, pois irá contribuir para redução do número de partidos que, a meu ver, é positiva e dará maior clareza para o eleitor no processo de escolha.”