Centrais sindicais detalham atos para esta sexta em JF


Por Renato Salles, Marcos Araújo e Vivia Lima

26/04/2017 às 19h14- Atualizada 26/04/2017 às 19h41

Centrais sindicais com representatividade na cidade e integrantes do Fórum Sindical Popular de Juiz de Fora estão reunidos neste instante em plenária para decidir ações que serão adotadas na Greve Geral convocada para esta sexta-feira (28). O encontro acontece no Sindicato dos Bancários, na Rua Batista de Oliveira, no Centro. Antes das discussões, representantes dos braços locais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) concederam uma entrevista coletiva à imprensa e confirmaram o cronograma inicial do ato, que tem concentração agendada para as 9h de sexta, na Praça da Estação. No final da tarde, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Sinttro), confirmou a estratégia de paralisação dos ônibus municipais nesta sexta-feira. Os coletivos não circularão entre 8h30 e 15h30. Anteriormente, a previsão era de paralisação de meia-noite às 6h da sexta-feira. Segundo a categoria, a adesão será de 100%.

De acordo com a assessoria de imprensa dos Consórcios Integrados do Transporte Urbano (Cinturb), não houve qualquer informação oficial sobre o ato marcado para a sexta. No entanto, explicou que os consórcios vão fazer todo o possível para garantir a operação do sistema normalmente, buscando maneiras para fazer a circulação dos ônibus nos horários previstos.

Mobilização

Há a expectativa de que uma passeata ocupe as ruas centrais da cidade. O cronograma, todavia, ainda não foi definido. A mobilização é contrária às propostas de reforma trabalhista e previdenciárias apresentada pelo Governo do presidente Michel Temer, que vêm sendo debatidas no Congresso Nacional. As lideranças sindicais adiantaram também que o ato irá levantar a bandeira da revogação da lei que libera o trabalho terceirizado em todas as atividades das empresas e várias atividades do Estado, aprovada e sancionada no mês passado.

“A cada hora temos mais notícias de categorias que estão aderindo à mobilização. Entre as confirmadas, temos os rodoviários, metalúrgicos, funcionários dos correios, bancários, professores das redes municipal, estadual, federal e privada, servidores municipais e técnicos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), além de movimentos sociais, sindicais e populares. Será um ato político contra todas essas reformas que são devastadoras para os trabalhadores. Será um dia de rua, de ‘Fora, Temer’ e de ‘nenhum direito a menos”, afirmou a representante da CUT e coordenadora-geral do Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro), Aparecida de Oliveira Pinto. A sindicalista reforçou ainda que, por toda a mobilização e trabalhos de conscientização que vêm sendo realizado por aqui, a expectativa é por uma manifestação ainda maior que as observadas na cidade nos dia 15 e 31 de março, projetando a presença de até cem mil pessoas no ato público.

Bandeira única

Representante da CSB, o diretor de comunicação do Sindicato do Servidores Públicos de Juiz de Fora, Sinserpu, Joaquim Tavares destacou que o movimento tem como bandeira única o repúdio contra a retirada de qualquer tipo de direitos dos trabalhadores, adquiridos ao longo de décadas de luta. “Temos percorrido nossas bases, e a expectativa é de uma grande adesão. Entre os servidores municipais, vários setores da Prefeitura irão parar, como os serviços das creches municipais, da Empav e da Secretaria de Obras, por exemplo. O que queremos é que as discussões sobre estas reformas impostas pelo Governo sejam barradas. É um argumento sem sentido o de que a retirada de direitos irá melhorar a situação. Por isso, estamos convocando toda a sociedade a se manifestar.”

A construção de uma unidade em torno de pauta comum e contra o que consideram retirada de direitos adquiridos também foi destacada pelo presidente da Associação de Docentes de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes) e representante da CSP-Conlutas, Rubens Luiz Rodrigues. “É uma solidariedade significativa e importante. Tivemos um mês de março histórico, pois consegui consolidar este processo de resistência a este ataque aos direitos dos trabalhadores. As discussões vão no sentido de que, cada vez mais, as bases estejam presentes para mostrar para o Governo e a seus comparsas que estas medidas nefastas não passarão.”

As centrais demonstram confiança de um ato substancioso e acreditam que outros setores, como o comércio, ainda possam deliberar pela adesão ao movimento. Uma possível aprovação da reforma trabalhista pela Câmara dos Deputados ainda nesta quinta, cronograma que chegou a ser previsto pelo presidente da Casa, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), não significaria desmobilização aos olhos dos sindicalistas. “Pelo contrário. A medida em que o Governo e sua base adotam ações que são verdadeiras manobras para acelerar esta votação, aumenta nosso estímulo de defender nossos direitos e posições que são sérias, convictas e solidárias”, aponta Rubens. O entendimento do representante da CSB é similar e vai no sentido de que, com toda a discussão que ganhou forma nos últimos meses, “a população já tomou a consciência de que o desmonte proposto pelas reformas atingirá a todos.”

‘Mais um dia de lutas’

Enquanto Rubens garante que qualquer avanço das propostas não resultará na descontinuidade da mobilização, Aparecida afirma que a Greve Geral de sexta-feira será apenas “mais um dia de lutas para garantir o futuro dos trabalhadores”. O sindicalistas ainda refutaram o argumento de grupo contrário à manifestação de que a real intenção da paralisação do dia 28, às vésperas do feria do dia 1º de maio, tenham intuitos que não sejam o protesto contra as reformas propostas pelo Governo federal. Para a representante da CUT, tal discurso é mais um esforço de alguns setores para desacreditar a mobilização em favor da manutenção de direitos trabalhistas históricos.

“As reformas são cruéis. Fica cada vez mais claro que temos de um lado os trabalhadores, que têm seus direitos ameaçados, e grupos ‘golpistas’ que tentam desacreditar a greve com tais argumentos”, considera Aparecida. Rubens reforça que o ato desta sexta-feira é resultado de uma construção das centrais sindicais e de diversos setores da sociedade. “O que vai construir a presença dos trabalhadores nas ruas não será o feriado, mas a posição firme contra as reformas propostas.”

Os sindicalistas afirmaram ainda que a manifestação desta sexta-feira também funcionará para todos os parlamentares que computaram votos em Juiz de Fora nas eleições de 2014, em especial os três deputados federais eleitos com domicílio eleitoral na cidade: Júlio Delgado (PSB), Marcus Pestana (PSDB) e Margarida Salomão (PT). A cobrança é por posicionamento contrário às propostas de reformas trabalhista e previdenciária. “Uma das intenções do Fórum (Sindical e Popular) foi exatamente o de conseguir dos deputados da cidade este posicionamento. Isto precisa ficar muito claro nas próximas eleições”, considerou Joaquim.

Por outro lado, a coordenadora-geral do Sinpro lembrou que dois deputados da cidade já se posicionaram publicamente contra as reformas – Júlio e Margarida. “Estaremos pressionando ainda outros parlamentares da região”, afirmou. Presidente da Apes, Rubens atacou a posição de Marcus Pestana, que, deste o início das discussões, tem se manifestado favorável ao avanço das propostas governistas. “Lamentavelmente, ele (o parlamentar tucano) tem uma posição que é contrária aos direitos dos trabalhadores.”

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