Júlio e Margarida defendem renúncia de Temer e ‘diretas já’
A bomba que explodiu em Brasília no início da noite desta quarta-feira (17) balançou mas não mudou o posicionamento das peças juiz-foranas no confuso tabuleiro político montado em Brasília, após denúncias e suspeitas de corrupção que atingiram em cheio grandes caciques como o presidente Michel Temer (PMDB) e os senadores mineiros Aécio Neves (PSDB) e Zezé Perrela (PMDB). Os três deputados federais detentores de mandato e domicílio eleitoral na cidade já se manifestaram publicamente, e o que se percebe são discursos distintos, porém coerentes com as opiniões emitidas pelos parlamentares nos últimos meses.
Críticos das reformas trabalhista e previdenciária proposta pelo Governo Temer, Júlio Delgado (PSB) e Margarida Salomão (PT) se manifestaram publicamente pela renúncia do presidente e a realização de eleições direta. Na outra esfera, favorável às propostas governistas, principalmente por conta do viés econômico, Marcus Pestana (PSDB) defende que, diante de toda a crise política, a âncora deve ser a Constituição, que, em caso de afastamento de Temer, prevê a realização de pleito indireto.
Desde ontem, após as primeiras notícias contra Temer publicada pelo jornal “O Globo”, Margarida e Júlio já defendiam a renúncia de Temer e a realização de um novo pleito. “Há evidências materiais de que receberam propina”, afirmou a petista ainda em plenário, considerando como frágeis a alegações contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, no âmbito da Operação Lava Jato.
“Estamos vivendo uma circunstância diferenciada: delação com provas. Antes eram só “disse me disse”. Agora são gravações muito graves. A situação da República é lamentável. Não há outra alternativa que não seja repactuar com a sociedade. Isto passa pelo voto. Renúncia, Temer! Você não tem mais nenhuma condição, nem de como impostor, de prosseguir neste lugar que ocupa indignamente. Renúncia! É um ato de patriotismo. Da nossa parte vamos trabalhar para ter diretas já”, reforçou a deputada em publicação feita pelo Facebook na manhã de hoje. A petista ainda fez postagens convocando juiz-foranos para um ato contra Temer que está sendo convocado para esta tarde de quinta-feira, às, 17h, no Parque Halfeld.
O Facebook também foi utilizado por Júlio Delgado. Ainda na noite de quarta, o deputado gravou um vídeo ao vivo em frente à Câmara dos Deputados onde já defendia a realização de eleições diretas e a saída de Temer. “Acabamos de sair de uma reunião com deputados de vários partidos que estão pedindo o afastamento imediato do presidente e sua renúncia para que nós tenhamos lisura e clareza nas investigações de tudo que está acontecendo. Uma vergonha um presidente querer impedir a Justiça.” Nesta quinta, voltou às redes sociais para reforçar o pleito. “É hora de convocar eleições diretas. Temer não tem mais condições de governar o país, e o Congresso Nacional não tem respaldo e confiança da sociedade para representar os interesses dos cidadãos. Por isso, as eleições diretas são mais do que necessárias, elas são cruciais para o bem do nosso país. Vou trabalhar muito para isso, pois sei que esta é a vontade daqueles que me elegeram”, afirmou.
Já Marcus Pestana preferiu o Twitter, em que se manifestou publicamente sobre o assunto nesta quinta-feira. “Vivemos a maior crise da história. Os últimos acontecimentos colocam gravemente em xeque os principais partidos – PSDB, PMDB, PT. A âncora é a Constituição”, considerou o tucano. Pestana afirmou ainda que, neste momento, o interesse público e nacional, a ética e a legalidade democrática deve ser a referência para a próximas movimentações políticas. Sem fazer referências ao senador Aécio Neves, aliado político e jogado no centro do furacão, o deputado classificou o atual momento como “extremamente triste”. “Em 41 anos de militância e 35 anos da minha primeira eleição, nunca vivi tamanha crise. Temos que zerar o jogo. Reinventar a democracia, a República, a Federação. A crise contaminou todo o sistema partidário. Mas o Brasil tem pressa”, avaliou, mostrando preocupação de que o atual cenário possa comprometer ainda mais as dificuldades financeiras enfrentadas pelo país.