Zema recua e admite uso impróprio do termo ‘maquiagem’ de contas
Governador tentou minimizar o mal-estar causado com partidos de sua base aliada após entrevista
Após afirmar que “todos os governadores vinham maquiando as contas públicas” em gestões passadas no Governo de Minas Gerais, em entrevista à revista Istoé Dinheiro, publicada na última semana, o governador Romeu Zema (Novo) mudou o tom na noite da última segunda-feira (15). Por meio de nota encaminhada à reportagem, Zema admitiu ter utilizado de maneira inapropriada o termo “maquiagem” e tentou minimizar o mal-estar causado com partidos de sua base aliada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em especial o PSDB, que encabeçou o comando do Poder Executivo entre 2003 e 2014, nos mandatos dos ex-governadores Aécio Neves – hoje deputado federal – e Antônio Anastasia – senador.
A afirmação de Zema sobre a suposta maquiagem de contas ocorreu após a revista questioná-lo sobre as dívidas encontradas por sua Administração ao assumir o Governo e sobre um suposto fracasso da Lei de Responsabilidade Fiscal, diante do passivo herdado pelo atual chefe do Executivo. “Esclareço que tenho consciência de que a prática de registrar pagamentos de aposentados fora da conta de pessoal era permitida pela interpretação vigente, nos mandatos anteriores, nas normas da Lei de Responsabilidade Fiscal. Logo, a conduta era legal, à época. Foi imprópria a expressão de “maquiagem” constante na matéria”, afirmou o governador.
Na nota, Zema ainda destacou que quis destacar o desequilíbrio econômico existente nos cofres estaduais a despeito dos números oficiais. “O ponto de vista que expus é que a vigência dessa interpretação impediu constatar, ao tempo, que a despesa de pessoal, na realidade, estava comprometendo mais a receita do que aparecia nas prestações de contas, prejudicando, portanto, o conhecimento da gravidade da evolução das finanças estaduais.”
O reposicionamento de Zema veio após lideranças tucanas manifestarem publicamente mal-estar com a fala do governador. Líder do Bloco Sou Minas Gerais, que forma a base governista, o deputado estadual Gustavo Valadares chegou a chamar a afirmação de “ato demagógico e mentiroso”, cobrando uma retratação do chefe do Executivo. “Não se trata de um fato verdadeiro e não é assim que tratamos aliados”, postou o parlamentar em sua conta no Twitter. O deputado federal Domingos Sávio (PSDB) também acusou insatisfação. “Nós queremos colaborar com o governo para ter bons resultados, mas é preciso também que o governador nos trate da mesma forma, com respeito e consideração”, afirmou, conforme publicado pelo jornal O Estado de Minas.
Cabe lembrar que o PSDB é o maior partido aliado ao Governo e responde por sete dos 21 deputados que integram o Bloco Sou Minas Gerais. Na nota encaminhada à imprensa, Zema tentou minimizar possíveis atritos. “Nosso objetivo é unir Minas Gerais e resolver os graves problemas que temos. Para tanto, deixaremos o passado para trás em favor de um futuro melhor com união e diálogo”, pontuou.