Janot pede arquivamento de inquérito contra deputado Júlio Delgado
Atualizada às 17h25
Foi no pequeno município mineiro de Joanésia, no Vale do Rio Doce, que o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) recebeu a notícia sobre o pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), de arquivamento do inquérito instaurado em setembro do ano passado contra ele. O parlamentar havia sido citado na delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que alegava ter repassado R$ 150 mil ao deputado para que não fosse convocado pela CPI da Petrobrás. Júlio sempre afirmou não ter recebido nenhum centavo desse valor, que foi contabilizado na prestação de contas do partido e repassado para outros candidatos a uma cadeira na Câmara Federal. Por conta disso, ele pediu, inclusive, celeridade nas investigações. Segundo o parecer de Janot não há indícios suficientes do envolvimento do parlamentar com o ato ilícito. Agora está nas mãos do ministro Teori Zavascki a decisão final sobre o arquivamento.
“Há algum tempo eu já tinha informações da Polícia Federal sobre a inexistência de indícios que sustentassem a investigação contra mim, devido à falta de fundamentação. Agora tenho que ter a prudência necessária para aguardar a manifestação final do ministro relator. Além de aliviado, estou muito feliz por ter sido feita a correção necessária nesse caso. Sempre defendi a Lava Jato e a investigação de todas as denúncias, mas não se pode colocar todo mundo no mesmo saco. Minha alma está lavada, não só em relação a mim, mas também por aqueles que sempre acreditaram no meu trabalho”, afirmou o parlamentar durante o encontro regional de prefeitos do PSB, evento para o qual foi convidado.
O deputado, que chega a Juiz de Fora no final da tarde de domingo, disse que está analisando quais as medidas jurídicas cabíveis contra Ricardo Pessoa. O parlamentar comentou, ainda, que não chegará a tempo de acompanhar a passagem da tocha olímpica pela cidade, em função de compromissos políticos assumidos anteriormente.
Outro caso
Este é o segundo pedido de arquivamento de investigações abertas no Supremo referentes à Lava Jato por falta de provas. O primeiro caso arquivado foi sobre o envolvimento do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) com suposto recebimento de dinheiro desviado. Normalmente, os ministros do STF costumam aceitar os pedidos de arquivamento da procuradoria, por entenderem que compete ao Ministério Público decidir o que precisa ou não ser apurado.