Eleições 2020: Almas libera partidos da base, e Wilson confirma nome de vice
A 98 dias do pleito, prefeito ainda não se decidiu se irá tentar a reeleição; coronel da PM, Alexandre Nocelli é pré-candidato a vice-prefeito na composição PSB/DEM
Ainda sem a oficialização de candidaturas, o processo eleitoral já se aproxima de seu período mais decisivo. Em 98 dias, no dia 15 de novembro, cerca de 400 mil eleitores vão escolher quem ficará responsável por comandar Juiz de Fora entre 2021 e 2024. Com a pandemia da Covid-19 e a crise financeira na ordem do dia, o desafio está posto. Até aqui, a lista de postulantes é grande. Mais de uma dezena de partidos têm nomes colocados como pré-candidatos. Se todos estarão, de fato, na urna, só o tempo poderá responder. Responsável pela gestão da cidade durante a crise sanitária, o prefeito Antônio Almas (PSDB) ainda não definiu se tentará a reeleição e figura como principal incógnita da disputa no momento. Em contraposição, o empresário Wilson Rezende (PSB), da Rezato, foi o primeiro pré-candidato a definir o nome do vice-prefeito em sua chapa, escolha que recaiu sobre o coronel veterano da Polícia Militar, Alexandre Nocelli.
À reportagem, o prefeito Antônio Almas confirmou que a decisão sobre uma possível candidatura só será tomada no prazo final, devendo ficar para o mês que vem. Isto porque o calendário eleitoral define que as convenções partidárias para a oficialização das candidaturas precisam ser celebradas entre os dias 31 de agosto e 16 de setembro. Para além de seu grupo político, a decisão deve passar por crivo pessoal e conversas com familiares. O prefeito disse à Tribuna que não pretende atrapalhar os projetos dos partidos que hoje integram o núcleo e o entorno do Governo municipal e, assim, libera sua base para articular candidaturas ou composições.
A sinalização pública de Almas dá mais liberdade às legendas que integraram a base do governo e o grupo político que participou do projeto de reeleição do ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que renunciou ao mandato em 2018 e deixou a cadeira para Almas. Assim, redobram as chances de projetos para o lançamento de candidatura própria ou mesmo de composições destas siglas. É o caso do próprio MDB, em que o juiz aposentado José Armando da Silveira se coloca à disposição para uma empreitada pelo comando da PJF. A busca por protagonismo no pleito é alimentada por alguns emedebistas por conta do histórico da sigla na cidade, que desde a redemocratização, já elegeu prefeito Tarcísio Delgado, por três mandatos, e Bruno, em duas oportunidades.
A manifestação de Almas também abre espaço para o Progressistas, o antigo PP, avançar em discussões de olho nas eleições. Licenciado da presidência da Santa Casa desde junho, o médico Renato Loures se coloca como pré-candidato e diz que levará seu nome à convenção do partido. Este, no entanto, não é o único caminho já aventado dentro da legenda, que mantém aberta a possibilidade de uma composição. Atores da sigla já teriam inclusive conversado com outros projetos, como, por exemplo, o da deputada estadual Sheila Oliveira, que deve ser lançada candidata à Prefeitura pelo PSL. O Republicanos, antigo PRB, é outro partido que integrou a chapa que elegeu a dobradinha Bruno/Almas em 2016 e que integrou o Governo municipal nos últimos anos. Neste caso, todavia, a pré-candidatura da delegada da Polícia Civil Ione Barbosa já foi colocada pela agremiação partidária e a própria confirmou à reportagem o anseio de levar seu nome para a avaliação.
Composições com outros nomes na mira
Interlocutores ouvidos pela reportagem, inclusive, afirmaram que ocorreram conversas entre os três nomes colocados como pré-candidatos nos partidos que, de alguma forma, integram ou integraram o atual Governo municipal. Embora não exista confirmação pública, os projetos que orbitam os nomes de José Armando, Renato e Ione teriam dialogado em busca de um alinhamento, visando à construção de um projeto único. A pré-candidatura do pastor Aloízio Penido (PTC) também teria participado das articulações. Uma convergência, no entanto, ainda não foi confirmada. Uma das fontes ouvidas pela Tribuna não só confirmou as tentativas de consenso como apontou que um possível acordo seria dificultado por não existir coesão sobre qual nome ocuparia a cabeça de chapa caso uma composição fosse consignada dos esforços.
Outros partidos da base do Governo também já se preparam para definir seus caminhos. No PV, o procurador Daniel Giotti tem se colocado como pré-candidato. O partido, no entanto, conversa por composições, possibilidade aventada tanto pelo diretório municipal, quanto pelo comando estadual da sigla. As negociações mais avançadas até o momento se deram com a pré-candidatura da deputada federal Margarida Salomão (PT). Neste caso, o vereador Kennedy Ribeiro, que recentemente trocou o MDB pelo PV, seria o indicado a vice-prefeito na chapa. Outras siglas da base do prefeito Antônio Almas também devem partir para composições. É o caso do Cidadania, que tem se aproximado do projeto do PSB, de Wilson Rezato. Neste caso, o empresário pode garantir em sua base de apoio os partidos que hoje abrigam os ex-prefeitos Tarcísio Delgado (PSB) e Custódio Mattos (Cidadania). Por outro lado, o PTB é outro que dialoga com projetos colocados e que, até por entendimentos no âmbito nacional, pode se aproximar de uma provável candidatura do PSL, de Sheila Oliveira.
Prefeito reafirma protagonismo
Além das legendas da base, o prefeito Antônio Almas afirmou à Tribuna que deixa até mesmo o seu partido, o PSDB, livre para buscar um caminho alternativo ao seu nome. “Se lá na frente, eu decidir ser candidato, vou colocar o meu projeto para o partido, que poderá avaliar a minha proposta. Caso não haja mais tempo viável para isto, vou aceitar e agradecer a oportunidade”, disse.
A liberação da base feita pelo prefeito leva a determinados atores políticos a considerarem como improvável uma candidatura de Almas. Inclusive, alguns pré-candidatos têm feito pesquisas de intenção de voto projetando cenários sem o nome do atual prefeito. Alheio a isto, Almas defende que terá protagonismo no processo sucessório. De uma forma ou de outra.
“Caso não tente a eleição, vai depender dos candidatos definirem que papel poderei desempenhar: se serei visto como um peso ou como um ator que pode ajudar. De qualquer forma, obviamente, participaremos da discussão pública”, afirmou Almas.
Noraldino admite voltar à disputa
Outros nomes se arvoram como postulantes à Prefeitura. Player de destaque em eleições recentes, o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC) já admite a possibilidade de voltar à disputa.
Após tentar chegar ao comando do Poder Executivo nas eleições de 2016, o parlamentar evitou falar em candidatura nos últimos meses, mas confirmou à reportagem que tem sido pressionado a colocar seu nome à disposição do eleitorado. Assim, uma empreitada pela PJF figura no horizonte.
Noraldino ressalta, todavia, que uma volta passaria por uma discussão propositiva da cidade e não por uma disputa de espaços políticos.
Veteranos e estreantes devem disputar votos
Também deve voltar à disputa pela Prefeitura a professora e sindicalista Victória Mello, pré-candidata pelo PSTU. O partido, inclusive, já tem agendada sua convenção para a definição das candidaturas majoritária e proporcionais em encontro marcado no dia 3 de setembro. O PSOL, que tem a também professora e sindicalista Lorene Figueiredo como pré-candidata, é outro que já marcou sua convenção, definida para 2 de setembro.
Outro que já se lançou candidato à Prefeitura e deve voltar ao páreo é o advogado João Vitor Garcia, pré-candidato pelo PCdoB. Ele foi secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e ex-diretor de Planejamento e Gestão Estratégica nos mandatos do ex-prefeito Tarcísio Delgado (entre 1997 e 2004).
Outras três siglas têm candidaturas postas. No PRTB, que chegou a ser sondado para uma composição com o PSL, o general Marco Felício é apontado como pré-candidato. À reportagem, interlocutores da sigla afirmaram que os filiados abraçarão a decisão tomada pela executiva municipal, presidida pelo general. A Rede, que tem conversas avançadas para uma composição com o Avante, tem colocada a pré-candidatura do advogado Marcos Ribeiro. Mesma situação do Democracia Cristão, em que o empresário e urbanista Eduardo Lucas é indicado como pré-candidato.